quinta-feira, 1 de outubro de 2020

 CONTINUAÇÃO: 4ª PARTE


                             A NOVA GEOPOLÍTICA

(FUNDAMENTOS E IDEOLOGIA)

-A geopolítica Pós Guerra-Fria-


                                                            CONCLUSÃO

Acredito não restarem dúvidas de que novos fatores, alguns imprevisíveis, passaram a ter relevância e deverão ser levados em consideração na gestão das relações internacionais e com isto novos “instrumentos” e formas de gestão foram postos, alterando de certa forma o contexto em que eles se inserem, na prática da gestão política internacional. 

Mas, a questão relevante que se coloca é se estes fenômenos, estas novas práticas foram tão significativas a ponto de serem capazes de substituírem também os instrumentos antigos e os objetivos da geopolítica clássica.

Em outros termos, questionamos se realmente a busca pela supremacia mundial, que predominou à época da geopolítica clássica foi efetivamente relegada para um plano secundário, sendo substituída por objetivos mais nobres e verdadeiramente altruístas como a busca pela paz, o respeito aos Direitos Humanos Universais (de todos os povos), em sentido lato, enfim, por uma gestão política internacional conscienciosa que privilegia a sobrevivência humana, ameaçada de extinção pelo desenvolvimento tecnológico das armas e por uma industrialização descontrolada com danos irreversíveis à natureza.

Na Introdução afirmei que os politólogos da Nova Geopolítica, esperançosos por um mundo em paz, falharam em 2 pontos. Em primeiro lugar, conforme procurei demonstrar neste artigo, a luta pela hegemonia mundial continua e inclui novos pretendente; em segundo, com base nas conclusões sobre o fim da Guerra-Fria, estenderam as suas vãs esperanças para os outros países não hegemônicos e esqueceram os “Focos de Tensão” (Friedman), que também existem entre eles.   

É neste sentido que questiono se as predisposições inatas do ser humano para dominar, controlar, agredir, ameaçar, subjugar podem ser sublimadas pelo respeito aos semelhantes, ou, ainda, simplesmente, pelo enaltecimento de virtudes, que até o momento não foram capazes de amenizar os “instintos” mais que animalescos.

Mas, muito embora, a era da energia nuclear tenha sido um sinal de alerta que contribuiu de alguma forma para o poder de dissuasão durante a Guerra- Fria, ela não foi capaz de frear os investimentos das nações em armamentos mais sofisticados, aumentando ainda mais os seus artefatos nucleares. Outrossim, não impediu que as guerras se deslocassem para as periferias do mundo desenvolvido, áreas de disputas das grandes nações rivais, segundo os seus interesses geopolíticos. Pelo contrário, abriu novas frentes de estímulo aos conflitos e às guerras em outros países.

Evidentemente, se considerarmos que a agressividade é uma questão que diz respeito a evolução da espécie, no sentido darwiniano, estaremos diante de um dilema (15).

Estaremos, ainda, diante de um dilema se levarmos em consideração a questão da acumulação desenfreada de riqueza, em benefício de certas camadas sociais (classes), tão bem admirada e incentivada, principalmente na sociedade americana, onde as virtudes são avaliadas pela competitividade excessiva e pela riqueza pessoal, que trazem conflitos em escala nacional, transporta-os  para a internacional, em busca de recursos naturais e poder.

Mesmo em sociedades em que a acumulação privada não é permitida, a luta pelo poder envaidece, inebria o ego, permite acessos a bens luxuosos, ao sexo oposto, às mordomias (serviçais). Em outras palavras, não elimina os vícios mais profundos da alma humana. Vimos o resultado.

As diferenças étnicas e identitárias são outro grande entrave a uma possível convivência pacífica, de “respeito humanitário” (vide Anexo). O mundo está dividido em diversos graus de desenvolvimentos econômicos, morais, religiosos, de valores e crenças. A política de migração maciça que atualmente vigora na Europa traz conflitos identitários (ethos societários), difíceis de serem solucionados. Enquanto a diretriz da Comunidade Europeia é no sentido de aceitar e integrar os imigrantes, diversos países constroem muros e impõem vigilâncias nas fronteiras, em total desacordo e enfrentamento às orientações “superiores”. (Sobre o assunto consultar Marshall, “A era dos muros”).

As medidas e normas de desenvolvimento econômico impostas aos países não desenvolvidos, através de instituições internacionais, tais como Banco Mundial, OMC, OCDE, FMI e até mesmo a ONU, influenciadas pelas ideologias americanas, não irão resolver as disparidades, com grandes possibilidades de o fosso (diferenças relativas) aumentar (vide o tópico Liberalismo Econômico e Privatização). Para uma melhor apreciação da atuação do Banco Mundial na África ver Burgis, “A pilhagem da África”.

Vale salientar que Robert McNamara, antigo secretário de defesa e um dos principais artífices da guerra do Vietnam, foi deslocado para ocupar a presidência do Banco Mundial no período de 1968-1981. Paul Wolfowitz, vice-secretário de defesa dos E.U.A (um dos falcões da guerra do Iraque), também ocupou a presidência do mesmo banco de junho 2005 a junho de 2007 (Lopez, wikipedia).

Além disto, existe uma inviabilidade lógica em relação a expansão do modelo de desenvolvimento que vigora no mundo desenvolvido, aos demais países do globo, conforme afirmava Celso Furtado. O resultado é que sempre existirá um freio ao desenvolvimento global.

Em suma, é fundamental que não haja uma gestão da política internacional das grandes nações visando uma supremacia a qualquer custo, impondo através da síntese do poder político, econômico, financeiro, militar e ideológico, normas e procedimentos que ferem os interesses mais legítimos de outros povos.

Não é apenas a agressividade que choca, mas, sobretudo, a crueldade, a agressividade pela agressividade com requintes de infligir aos outros sofrimentos desumanos, provavelmente por uma satisfação neuropsicológica, inerente, e me parece, exclusiva da raça humana.

A história nos mostra exemplos de líderes insanos que manipularam as massas por um ideal ilusório e  as despertaram especificamente para a invasão, o controle e o domínio de outros povos, fazendo aflorar os “instintos” e as paixões mais profundas e perversas da alma humana, colocando na agressividade a panaceia dos dilemas humanos.  Daí podermos recolocar a questão da agressividade inata do ser humano, que não se esgota no fazer a guerra.

No tópico referente ao conceito de Geopolítica Clássica afirmei a dificuldade de um discernimento maior sobre esta questão, tendo em vista que não foram utilizados os objetivos e os meios (instrumentos) de que ela faz uso.

Considerando este vácuo no conceito de geopolítica convém um maior esclarecimento que permita ao leitor ter uma melhor noção do que se trata.

Neste sentido e focando o “conceito” numa perspectiva das grandes potências globais, ousaria dizer, que entendo como geopolítica, em seus fundamentos e objetivo:

<<O estudo da gestão das decisões políticas a nível internacional, através de interferências diretas e indiretas, ofensivas e defensivas, que visam o fortalecimento e a supremacia de uma nação (sociedade) em relação às suas rivais, imediatas ou potenciais, considerando: a geografia (território), o espaço aéreo, a cultura, a história dos povos, o avanço da ciência e tecnologia, as estruturas políticas, a ideologia, associadas às posições estratégicas; através de meios como a chantagem, ameaças econômicas e militares, incentivo e apoio ao separatismo das minorias étnicas, revoluções e desordens, o controle de recursos naturais, pactos e alianças com outras nações, o avanço da ciência e tecnologia e até mesmo o enfrentamento militar>>.

Para atualizá-lo, com vistas à Nova Geopolítica, poderíamos adicionar “e também por meio de organismos internacionais” e “com vistas a controlar outras decisões a nível internacional que dizem respeito à ameaça da sobrevivência da espécie humana e dos Direitos Humanos e do desenvolvimento econômico”, sem mudar o seu conteúdo.

Dessa forma, pelo que foi exposto e levando-se em consideração os acontecimentos pós debacle da URSS, constataríamos que os fundamentos e objetivos da chamada Nova Geopolítica continuam a ser os mesmos da Geopolítica Clássica, mas que foram adicionados outros meios (ou seja organismos internacionais) e outros motivos (os que ameaçam a sobrevivência da humanidade e os Direitos Humanos), que procuram justificar ideologicamente uma ingerência nas nações não poderosas e menos desenvolvidas, com vistas a uma hegemonia global.

Conforme ficou comprovado em diversas guerras (principalmente na Jugoslávia, Kosovo, Iraque), a ONU é um órgão político (assim como diversos outros órgãos internacionais), dominado pelo grupo de países mais poderosos, que não possui poder de coação para impedi-los de exercer os seus poderes mais nocivos e beligerantes mundo afora. Tem sido o palco no qual estes países ensaiam e exibem os seus interesses geopolíticos disfarçados em políticas em prol da humanidade.

Não possui dotação orçamentária própria, ficando à mercê das contribuições dos países mais ricos, fato que pesa nas relações de poder e nas suas decisões. Não possui nem mesmo forças armadas, inviabilizando seu poder de coação. E, mesmo assim, recebeu críticas e pressões do presidente  dos Estados Unidos:

“Pagamos 22% do total do orçamento, e mais ainda. Na verdade pagamos muito mais do que qualquer pessoa percebe. Se ela (ONU) pudesse realmente cumprir todos os seu objetivos, o investimento facilmente seria válido” (em https:/www.dw.com>pt,

“Quem paga a conta da ONU?, de 20.092017).

É ideologicamente dominada pelas ideais e interesses dos países mais ricos e poderosos, que se refletem também no seu braço comercial OMC, Órgão que visa disciplinar e fomentar comércio internacional, sob uma nova ordem liberal. (BBC News Br., em “Pressão dos EUA contra comércio global pode ter levado brasileiro a deixar direção do OMC”).  

Atualmente, este Órgão encontra-se fragilizado face às críticas de não conseguir equilibrar o comércio internacional entre os países ricos e pobres, pelas violações de acordos, pela guerra comercial entre China e EUA e pelos ataques desferidos pelo presidente dos Estados Unidos, “com bloqueios de nomeações e ameaças de corte de verbas e abandono por parte de Washington” (BBC News Br., em “Pressão dos EUA contra comércio global pode ter levado brasileiro a deixar direção do OMC", 14/05/2020). 

Conforme Branco:

 “Um exame desapaixonado do conflito da antigo Jugoslávia tem necessariamente de ter em consideração o papel desempenhado pelos atores externos, nomeadamente que do grupo de países do ponto de vista geoestratégico mais se beneficiou com a sua implosão. Foram estes Estados que promoveram e estimularam a sua dissolução e que insidiosamente patrocinaram a sedição contra o poder jugoslavo, sem o mínimo remorso pelo sofrimento humano que a defesa intransigente dos seus interesses geoestratégicos iria provocar”.

“Sem se sentir obrigado a obter a concordância dos comandantes militares da OTAN, o almirante Leighton Smith decidiu expandir unilateralmente a área de operações. As autoridades da ONU encontravam-se incapacitadas de o impedir” (pgs 269 e 225, respectivamente).

Os relatos do Major-General Carlos Branco sobre Srebrenica, Krajina, as investigações sobre a culpabilidade das granadas que explodiram no mercado de Saravejo e as promessas da ONU de que com o cessar fogo e desarmamento dos sérvios bósnios impediria que o ABiH ( Exército Muçulmano da Bósnia) se aproveitasse do desarmamento unilateral imposto aos sérvios bósnios são totalmente contrários às versões oficiais. O autor demonstra que não houve genocídio em Srebrinica e que as forças muçulmanas praticaram monstruosas chacinas aos sérvios bósnios antes dos acontecimentos; que ONU e demais órgãos fecharam os olhos para o genocídio Krajina, onde os sérvios croatas foram chacinados, com a “complacência”, inclusive dos meios de imprensa; que as apreensões do general Ratko Mladic sobre o desarmamento unilateral dos sérvios bósnios não foram sequer levadas em consideração (p. 230); que as investigações sobre o atentado no mercado de Saravejo (onde a explosão de cinco granadas mataram 37 pessoas e feriram 88) não foram conduzidas com isenção, apontando falhas técnicas grosseiras nas conclusões (pgs 212 a 222).

Na carta dirigida aos generais Benard Janvier e Rupert Smith, após os bombardeios aéreos da OTAN, que desorganizaram as forças sérvios bósnias, o general Ratko Mladic escrevia:

“... Estou surpreendido, como homem e como comandante, pela vossa passividade e calma observação dos acontecimentos que estão a passar...limitam-se a testemunhar as enormes baixas e o êxodo massivo da população sérvia e não fazem nada... espero... que sejam tomadas medidas pelo Conselho de Segurança para parar de uma vez com a ofensiva croata-muçulmana...”(apud Branco, p. 239).

Transcrevo algumas das importantes passagens da obra do Major-General que não podem ser ignoradas (16), que mostram tanto a submissão da ONU à OTAN (“leia-se os norte-americanos”, Branco, p. 223) quanto à manipulação através da ONU dos grandes interesses geopolíticos. 

É cediço que os valores humanitários em nome da civilização sempre serviram de plataforma para as nações mais poderosas lançarem-se em guerras para dominar as civilizações (nações) “indefesas”, mascarando interesses sinistros, tais como a colonização, o controle dos recursos minerais, o comércio livre e de escravos. 

“Em 1910, Antoine Rougier escrevia:<<É praticamente impossível separar os motivos humanos de intervenção dos motivos políticos e assegurar o desinteresse absoluto dos Estados intervenientes. [...] Assim, a intervenção de humanidade surge como uma forma jurídica engenhosa de enfraquecer gradualmente a independência de um Estado para o inclinar progressivamente para a semissoberania>> (apud Boniface, p. 245).

“Contudo, devemos estar cientes do fato de os princípios proclamados como universais serem aplicados de forma seletiva (não na Chechénia, em África ou no Médio Oriente, etc), que, por vexes, a moral só é invocada para legitimar uma política de poder (como aconteceu no passado com a colonização, os confrontos Este - Oeste, a guerra no Iraque) e que deveriam definir em comum as normas consideradas universais” (Boniface, p.261).

“Os europeus dos séculos imperiais achavam-se enviados pelos céus para evangelizar, conquistar e civilizar o mundo [...] e por razões egoístas e mesquinhas. Hoje são outros os motivos invocados – os direitos humanos, as liberdades individuais e democráticas, o desenvolvimento, a justiça e a paz -, valores também nobres e justos mas que também continuam a cobrir interesses menos nobres e menos justos” (Pinto, p.331).

O capítulo final de “Guerra e Sociedade” (Correia) traz importantes considerações sobre as polemologias das guerras atuais, que segundo o autor, fogem ao paradigma clausewitziano de guerra, tido “como fenômeno político-social, da responsabilidade de Estados ou de entidades políticas, conduzido por forças armadas institucionais ao serviço de interesses nacionais” (p. 199/200), mas simétricas. 

Além de tecer comentários sobre a recente evolução tecnológica, a qual modifica a guerra em stricto sensu, o autor menciona que as guerras atuais são efetuadas por outros atores como o terrorismo internacional, as criminalidades transnacionais e a proliferação de armas de destruição em massa, as duas primeiras a cargo de grupos civis, paramilitares, criminosos e senhores da guerra (Somália), não institucionais, por razões identitárias, étnicas, em afirmação de grupos minoritários com aspirações separatistas, que ameaçam o monopólio do poder da força e da violência pelo Estado (este segundo Weber).

Ora, muitos destes crimes e outros tipos de agressividade já existiam muito antes dos anos 90 do século passado, tais como: o crime organizado (que fizeram sucesso com os filmes de Hollywood), as “guerras” de gangues nas grandes cidades das regiões desenvolvidas (New York, Chicago, Los Angeles, Londres, Manchester, etc), a violência doméstica, o bullying nas escolas perpetrado por crianças, os estupros, assassinatos, a escravidão (os antigos “senhores da guerra” na captura de escravos na África na origem e no destino), a pirataria que atemorizava os mares e oceanos, também patrocinada pelos Estados, o colonialismo direto, que agora se transformou em colonialismo financeiro-econômico-tecnológico. De lembrar que Hitler e Mussolini já usavam os meios de comunicação da época, com gestos teatrais e discursos inflamados, para atingir seus objetivos (Ver Anexo). Então, teríamos de sopesar muito destas “novas” questões.  

Em outras palavras, entendo que, em consequência de novas causas, o escopo das guerras foi alargado, mas que não foram alterados os fundamentos da geopolítica, diga-se da busca por supremacia pelas grandes nações e de suas práticas, porque por trás destas guerras subjazem interesses das grandes potências. Isto aconteceu nas guerras dos Balcãs, no Iraque, na Ciscaucásia e Transcaucásia, em regiões da África Subsaariana (rica em recursos naturais), na Ucrânia e até mesmo nas chamadas Revoluções Árabes (sobre a participação dos países ocidentais nas Revoluções da Primavera Árabe, consultar Bandeira, especialmente capítulos XIV a XX, em “A Segunda Guerra Mundial”).  

Mas, interessa-nos neste momento o ponto de vista  opinião do autor:

“Sendo certo que esta deu lugar a novas guerras que rompem com o paradigma clausewitziano, estas permanecem clausewitzianas e, passam a conviver os dois paradigmas. Em conflitos até se assiste, com o seu desenvolvimento, à passagem de um paradigma a outro. Estamos claramente num período de transição em que o novo não se impôs definitivamente e o antigo ainda não desapareceu radicalmente ( Correia, p. 200).

E contrariando a conceituação da Nova Geopolítica cito a Diretiva da Casa Branca 2002 e os comentários do secretário de Defesa Rumsfeld, mencionados por Correia (em “Guerra e sociedade”):

“As nossas forças serão suficientemente fortes para dissuadir adversários potenciais de prosseguirem na edificação de uma estrutura militar com o fim de ultrapassar, ou mesmo igualar, o poder dos Estados Unidos” (Diretiva).

“[...] sabemos que por os Estados Unidos disporem de um poder sem paralelo em terra, no mar e no ar, não faz sentido a potenciais adversários tentarem competir conosco [...] devemos desenvolver novos recursos cuja posse, por si só, desencoraje os adversários competirem (Rumsfeld, p. 189).

Por fim, o reconhecimento pelo autor dos interesses geopolíticos dos Estados Unidos no Cáucaso:

“Por último, têm de se incluir as intervenções externas, as preocupações dos EUA com o acesso a esta região desde a sua intervenção no Afeganistão, o que tem levado a uma competição com a Rússia no estabelecimento de laços com Estados (que eram, acrescentei) tradicionalmente da área de influência russa que alguns observadores, tem do como referência as três guerras russo-britânicas dos séculos XIX e XX, classificam como o novo grande jogo do século XXI, agora entre Rússia e Estados Unidos” (p. 203).

Em todas estas guerras estiveram e estão presentes os interesses geopolíticos americanos e aliados (com exceção a algumas regiões da África), em alimentar e apoiar o separatismo, através das entidades não Estatais, de ONGs e outros agentes midiáticos, cercando militarmente a Rússia, cooptando os seus antigos parceiros (aliados), para fortalecer a OTAN, com apoio da ONU, FMI e outros (sobre a Ucrânia, vide Bandeira).  

Em África, nas regiões ricas em recursos naturais, os interesses econômicos e geopolíticos das grandes potências saltam aos olhos, “entrelaçam-se” aos conflitos étnicos, aos diversos grupos criminosos privados, senhores de guerra, preenchendo o vazio de poder, aos Estados falhados. Alguns aspectos se sobressaem mais em razão de sua imensidão que comporta diferentes histórias, etnias, religiões, posição geográfica e recursos naturais.  (17).

Estas deslocações de movimentos de alto nível em terras de África, totalmente inéditas até hoje, como os encontros nos Estados Unidos, ilustram evidentemente o interesse destes últimos nos hidrocarbonatos africanos. Mas este interesse diz mais largamente respeito a um conjunto de matérias- primas estratégicas como o manganês, o cromo, o cobalto, os metais do grupo platina, etc. (Lopez, p. 132).

Sobre a questão do petróleo africano tornar-se no único interesse estratégico americano, conforme Kansteiner, Lopez acrescenta:

“Sem dúvida que se esqueceu de mencionar o gás e outras matérias-primas estratégicas” (p. 125).

A região do Catanga, a leste, na República Democrática do Congo se destaca como de imenso valor econômico e estratégico, tendo em vista dos vastos recursos naturais (rica em recursos minerais como cobalto, zinco, cobre, diamantes, ouro, prata, carvão, magnésio). Durante a Guerra Fria a região já era palco de disputa entre as duas potências adversárias, que “contribuíram” com armas, avaliadas em milhões de dólares, para as guerras civis estimuladas pelas disputas internacionais, por supremacia.

Muitos destes recursos são indispensáveis às indústrias modernas, e ao domínio tecnológico, daí a necessidade de garantir os seus fornecimentos, evitando possíveis empecilhos de terceiros.

Os recursos petrolíferos no enclave de Cabinda (entre a RDC e Angola), na Nigéria e no Sudão são de interesse das grandes potências, que já exploram as regiões. O Corno de África tem uma posição estratégica em razão do acesso ao Golfo de Aden, Canal do Suez e Mar Mediterrâneo, mas enfrenta sérios problemas por uma ausência de governo para fazer frente ao banditismo e ao poder dos líderes tribais.

Os Estados Unidos afirmam a disposição de ajudar os países pobres da África, mas têm os olhos voltados para a Nigéria, país que possui as maiores reservas de crude oil da África subsaariana. Apesar disto, foi o primeiro país do continente a receber a visita do presidente do Banco Mundial e a se beneficiar dos compromissos financeiros do referido banco, com acordos para o perdão de dívidas pelo Clube de Paris, enquanto existiam países bem mais pobres (Lopez, p. gs 156/7)).

Os conflitos étnicos já existiam em praticamente todas as regiões, mas se acentuaram com as divisões geográficas artificiais e arbitrárias feitas pelos países europeus, que “construíram” estados-nações artificiais de acordo com os seus interesses, assim como aconteceu no Oriente Médio (Vide Marshall, Correia e Burgis). Sobre a guerra civil de Angola e os apoios internacionais consultar Oliveira (Ricardo) e Pacheco.

Segundo Correia:

“A projeção da Guerra Fria na África Subsaariana dividiu o continente em zonas de influência de um e outro bloco, intensificou as guerras civis e deixou as sementes de alguns dos conflitos devastadores que se seguiram às independências(p. 631, “Manual...”).

E, embora os gastos militares também estejam direcionados para outros setores tecnológicos, os principais países não se desfizeram de seus arsenais nucleares. Como salienta Correia, o Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares (TNP) se inscreve em acordos bilaterais e a ONU, cujo CS é dominado pelas nações mais fortes, não consegue impedir a proliferação vertical, mas com as influências destas nações procuram bloquear a horizontal.

Segundo o autor:

“A contraproliferação é a negação da não proliferação pois, no seu espírito, não está na eliminação do nuclear, mas, pelo contrário, a sua perpetuação, desde que reservada às <<boas mãos>>” (p. 195). 

Os interesses geopolíticos (em seu sentido lato, incluindo os econômicos) e, consequentemente, os conflitos deverão se acentuar como consequência dos interesses econômicos da China que apoia governos, independentemente das suas ideologias e dos seus regimes políticos, ao mesmo tempo, que incentiva as migrações para a região (18). Sobre os dilemas da China em relação à sua posição geográfica consultar Marshall, em “Prisioneiros da geografia”, Bandeira e Lopez).

A China tornou-se o novo player internacional e começa a se posicionar de uma forma que assusta e desafia os antigos “senhores”. A sua insuficiência e dependência em petróleo associada à sua posição geográfica fez emergir sérias rivalidades com Filipinas, Vietnam, Malásia, Indonésia e Singapura em relação ao domínio do Mar Meridional, que, acredita-se, possuir recursos petrolíferos, apossando-se das Ilhas Paracels, Spratley e Natuna, sob protesto dos países mais próximos às ilhas, ferindo à Convenção Internacional de 1982, e estabelecendo o controle de 80% sobre o Mar Meridional (Lopez, p. 265 e Marshall).  Ainda mantém conflitos com o Japão (com este pelos recursos do Mar da China Oriental) e Coreia do Sul pela hegemonia do Oriente e com a Índia.  

“De um modo mais geral, este aumento do poder da China inquieta o Japão em todos os aspectos: militar, geoestratégico e econômico” (Lopez, p 304)

         O seu apetite não tem limites” (Lopez, p.305).

Para contornar a sua dependência de transporte de petróleo no Estreito de Malaca (estima-se que 25% do transporte de mercadorias do mundo passa pelo Estreito, para atender os países localizados no Oriente, incluindo a China), controlado pelos Estados Unidos, fez alianças com o Paquistão para construir um oleoduto que liga o porto de Gwadar à região chinesa de Xinjiang (uigures, muçulmanos de língua turca), outro associado à Birmânia (Mianmar), com destino a Yunnan, no Sul da China e também desenvolve infraestruturas militares nas ilhas no Golfo de Bengala e Mar de Andaman (Birmânia).  (Para mais pormenores ver Lopez).

Já nos referimos a discórdia entre E.U. e China com relação ao istmo de Kra, na Tailândia, que permitiria não só encurtar o caminho que se faz pelo Estreito de Malaca em aproximadamente 1.000 km mas também evitar o controle através de Singapura, Indonésia e Malásia, navegando pelo Golfo da Tailândia para entrar no Mar da China Meridional. 

Os E.U. ocupam posição geoestratégica importante no controle do transporte de mercadorias para o Oriente. Este país possui bases em Singapura, Filipinas, Coreia do Sul e Japão (Okinawa), que dá acesso ao Pacífico, e relações estreitas com Austrália e Índia. Além disso, possuem bases em países do Oriente Médio e frotas posicionadas no Mediterrâneo (6ª frota), Estreito de Ormuz (Golfo Pérsico, 5ª frota), e Pacífico (3ª e 7ª frotas, com bases em Midway, Havaí, Okinawa, Guam). (Lopez). 

Em suma, os Estados Unidos não deverão abandonar estes e outros pontos geoestratégicos, que lhes permitem controlar as rotas de transporte para o Oriente através do Estreito de Malaca, mormente o petróleo, mesmo que a exploração do xisto e a exploração do petróleo proveniente do Canadá lhes permitam a autossuficiência. Este país terá interesse em vigiar o movimento do petróleo mundial porque esta fonte de energia viabiliza a guerra, e também de outras matérias primas. A Alemanha tencionava controlar o Cáspio com suas reservas petrolíferas, mas soçobrou em Stalingrado e se fragilizou.

Segundo Lopez, em 2005, os objetivos dos E.U.A. na Ásia Central incluíam “o cerco e containment da China, marginalizar a Rússia e afastar o Irão da redistribuição das riquezas” (p. 175).

Por outro lado, na Europa, a Alemanha ofuscou a presença política da França na União Europeia, sendo o país europeu dominante economicamente. Com a crise econômica de 2008 impôs as regras do jogo de acordo com os seus interesses, não dando qualquer espaço à França, que acreditava que dominaria politicamente a aliança. Segundo Friedman, a Alemanha com o seu poderio e domínio econômico deverá ter o equivalente no campo político e militar, mesmo que tente evitar. A França ferida em seu orgulho ao perder espaço na União Europeia deslumbra uma união com os países do Mediterrâneo, incluindo a África, cabendo-lhe assumir uma liderança política para contrabalançar o domínio alemão (Friedman).

Para o autor, citando Arendt, é “perigoso ser-se rico e fraco” e “riqueza sem força é um convite ao desastre”. O mesmo aplica-se para o Japão.

Assim:

“Por isso a Alemanha vai tornar-se uma potência de pleno direito, primeiro exibindo a sua força política e, a seu tempo, a sua força militar, à medida que as pressões aumentarem” (Friedman, p. 238).

“As nações não escolhem envolver-se em políticas externas assertivas. As circunstâncias obrigam-nas a fazê-lo. [...] Uma vida econômica próspera sem necessidade de proteção é insustentável” (idem, p. 239).

Novas conjecturas estão postas, ao mesmo tempo em que a Rússia ressurge do caos que vivenciou com o esfacelamento da União Soviética.

Ao contrário do que os pacifistas esperavam as despesas das nações em armamentos, para 2019, foram, segundo a ordem de valores: 1º) Estados Unidos com USS 649 bilhões, representando 36% dos gastos militares do mundo; 2º) China com USS 250 bilhões; 3º) Arábia Saudita USS 67,6; 4º) Índia 66,5; 5º)França 63,8; 6º) Rússia com 61,4 USS bilhões. Os totais das despesas alcançaram a cifra de USS 1,822 trilhões (https://www.dw.com>pt).

As nações não fazem concessão à paz porque também têm que fomentar os interesses comerciais dos seus grandes complexos militar-industriais.

Erradamente, quando pensamos e falamos em guerra associamos imediatamente o embate militar que causa destruição física e morte em grande escala.

Em anexo, afirmamos que a agressividade individual não se manifesta apenas fisicamente, mas também através de outros meios sutis que submeta o rival ao seu poder discricionário, que vai desde a intimidação direta e até o poder indireto e virtual, causando prejuízo ao adversário, como é o caso da agressividade psicológica, ou causar um prejuízo ao outro através do poder econômico e político.  

Do mesmo modo, ampliando a escala, podemos também conceber que a “guerra” é o fenômeno social pelo qual um país (sociedade) procura infligir ao rival (potencial ou imediato) danos “físicos”, psicológicos, econômico-financeiros, políticos, de forma a conseguir qualquer vantagem sobre o adversário, submetendo-o ao seu domínio, cerceando os seus desejos e as suas necessidades.  

Mais recentemente, entra nesta categoria a guerra levada a cabo pelos meios de comunicação que visam a desestabilização de governos, através de procedimentos que levam em consideração a “dissonância cognitiva”, os nós semânticos, a desinformação e as informações falseadas (Valle, cap. II), ataques cibernéticos, comprovados nos levantamentos da Primavera Árabe e Revolução Laranja (Ucrânia). Em tempos mais remotos estes procedimentos desestabilizadores ficavam a cargo dos agentes secretos. Com a evolução tecnológica trava-se uma nova guerra no ciberespaço.

A cooperação e colaboração dos media com o poder é uma realidade, que também se esconde sob o manto da “liberdade de imprensa” e da proteção sobre a revelação das fontes. Nos regimes totalitários são diretamente controlados pelo governo. Com a revolução tecnológica dos meios de comunicação, as notícias falsas e comprometedoras proliferam e muitas delas são rapidamente esquecidas e superadas por novas notícias falsas, antes que sejam devidamente analisadas e esclarecidas. De acordo com Baños bloqueiam a mente e nos fazem pensar que chegamos por nós mesmos às conclusões (pgs 220-232).

A guerra se desenvolve em diversas frentes, são as “guerras híbridas” (Baños: coação econômica, desinformação, terrorismo, atividade criminosa e subversão para provocar desordens civis e confrontos localizados), e o enfrentamento militar nem sempre é necessário, e deve ser evitado quando existem outros meios mais eficazes, pois a guerra de exércitos exaurem os cofres públicos e trazem a destruição, conforme advertiu Sun Tzu:

Comentários de Li Chu’an: “Ora, quando o exército progride em território estrangeiro, os cofres do tesouro esvaziar-se-ão no interior do território nacional” (p. 40).

“Pois nunca Estado algum beneficiou de uma guerra prolongada” (p. 41)

“O essencial da guerra é a vitória, e não as operações prolongadas. (p. 45).

“Com efeito, conseguir cem vitórias em cem batalhas não é a maior das excelências, mas sim subjugar o exército inimigo sem sequer o combater” (p. 47).

“Assim, aqueles que são avisados na arte da guerra submetem o exército inimigo sem combater, tomam as cidades sem lançar qualquer ataque contra elas e derrubam um Estado sem operações prolongadas” (p. 50).

Estes assuntos foram tratados por Sun Tzu, na sua obra “A arte da guerra” e outras críticas à guerra total de Clausewitz são postas por Keegan.

Praticamente, todas as artimanhas que se usa hoje em dia na “arte” da guerra já eram conhecidas e praticadas pelos antigos, evidentemente, adaptadas às condições tecnológicas da época (Nota 19).

Com o pouco passar dos tempos, os devaneios de muitos politólogos sobre a “paz mundial”, em tempos da Nova Geopolítica, se desvaneceram diante de novos desafios e a persistência pela busca da supremacia mundial (e até mesmo regional) ainda permanece, demonstrando que ainda não nos desvencilhamos dos traços da geopolítica tradicional.  

Infelizmente, meus olhos e mente não alcançam este breve futuro de paz, regendo as relações internacionais entre as nações e, simultaneamente, mais uma vez, coloco a questão da agressividade inata ou adquirida do ser humano.

Para respondermos sobre o porquê da guerra temos, em princípio, que considerar todos os vícios e desvios mais profundos da alma humana e em seguida integrarmos a estes os condicionantes sociais e mesmo os eventuais. Um trabalho hercúleo, para não dizer impossível, se considerarmos ainda o vício da passionalidade dos humanos.

Também não deixa de tratar-se de uma síndrome (patologia) do dominador. Inglaterra, França, Alemanha, Holanda, Japão, Império Otomano, Império Austro-húngaro, Rússia com seus países satélites formando a US, Portugal (até mesmo os missionários), Espanha e, obviamente, Estados Unidos, para citar exemplos mais recentes, abusaram ou exorbitam do poder, foram ou são cruéis com os povos dominados. Qualquer outro que vier dominar fará o mesmo.

Como diz o velho ditado: “da cobra se espera uma picada, do cavalo um coice e do ser humano, TUDO”. 

 

NOTAS:

(15).“A extinção resulta principalmente entre as tribos e raças. Diversos obstáculos estão sempre em ação para reduzir o efectivo de cada tribo selvagem – como fomes periódicas, os hábitos Nômades, as guerras os acidentes, os costumes libertinos, o rapto de mulheres, o infanticídio e, sobretudo a fertilidade reduzida. [...] e quando, de entre duas tribos vizinhas, uma se torna menos numerosa e menos forte do que a outra, o conflito é rapidamente resolvido pela guerra, pelos massacres, pelo canibalismo, pela escravatura e pela absorção” (Darwin, 208);

“Não há dúvida de que o homem, como qualquer outro animal, progrediu e chegou à sua elevada condição actual graças à luta pela sobrevivência, resultante da sua rápida multiplicação; e se vai progredir, é, portanto de recear que tenha de continuar a estar sujeito a uma luta pela sobrevivência” (idem, p. 636).

Nas “Notas sobre o Autor”, encontramos também uma síntese das suas concepções: “A teoria da evolução natural de Darwin e Wallace, para a qual a Origem das Espécies foi o contributo mais importante, parte do princípio, e da constatação, de que numa espécie os indivíduos não são totalmente iguais uns aos outros (existe variabilidade intraespecífica ) e de que parte dessa variabilidade é hereditária. Por limitação de recursos (alimento, abrigo e parceiros sexuais) existe competição entre os indivíduos, tendo uns mais sucesso do que outros (p. 649).  

(16). Sobre Srebrenica: “As relações com os sérvios foram igualmente degradando-se devido aos incessantes raids lançados pelas forças muçulmanas a partir do enclave contra as populações sérvias que viviam nas aldeias circundantes  e que redundavam frequentemente em monstruosas chacinas” (p. 178).

“À semelhança das chefias políticas que se entretinham em lutas fraticidas pela liderança de “opstina”, também a liderança militar do enclave se encontrava profundamente dividida e incapaz de tomar decisões” (p. 197).

“Após uma condenação inicial de dois anos o Tribunal acabou por ilibar Nasser Oric por “faltas de provas”, apesar das atrocidades por este cometidas, nomeadamente a decapitação de sérvios por soldados da 28ª Divisão (do ABih) que ele comandava ... Como admitiu Holbrook no seu livro (enviado por Clinton para mediar o conflito), com a franqueza que lhe era conhecida “...o Tribunal (o ICTY) emergiu como um valioso  instrumento de política que nos ajudou...”.

“Os acontecimentos de Srebrenica não podem nem devem ser confundidos com os que viriam a ter lugar um mês mais tarde na Krajina, onde o exército croata levou a cabo uma operação de assassínio sistemático da população sérvia... não poupando ninguém. [...] Os acontecimentos de Krajina nunca foram considerados genocídio pelo Tribunal” (p. 206).

Sobre a conclusão das mortes no mercado em Saravejo, que mudaram os destinos da guerra (por desconhecimento do assunto me abstive de comentar os aspectos técnicos):

“Com esta explicação, o G2 (da UNPROFOR - Força de Proteção das Nações Unidas) conseguiu desferir uma estocada final na sua credibilidade, demonstrando desconhecer os rudimentos mais básicos da técnica de tiro de morteiros (p. 215).

“E foi assim com tantas incertezas e imprecisões que se iniciou uma ação militar que viria ser determinante no estabelecimento de uma nova ordem na Europa e no mundo” (p. 221).

“Recorrendo à sua conversa com Tudman (presidente da Croácia) no dia 14, HolBrooke (chefe da equipe de mediação enviada Clinton para a Bósnia) aconselhou Tudman a apressar-se e a capturar mais território antes que o cessar-fogo entrasse em ação, muito em particular para atacar os sérvios bósnios em três regiões específicas – Sanski Most, Prijedor e Bosanski Novi situadas no território da Bósnia, objetando apenas o ataque a Banja Luka” (p. 238).  

(17). Sobre as guerras na África Subsaariana e Ocidental até o Corno de África: “Há várias razões que para isso contribuem, do que se destacam: a persistência de alguns Estados frágeis, alguns mesmo falhados; conflitos herdados de colonizações agitadas, muitas vezes violentas e com dificuldade e consolidação de identidades nacionais; recursos econômicos abundantes em regiões onde é visível o vazio de poder e que se tornam objeto de cobiças várias, internas e externas, envolvendo senhores da guerra e células de criminalidade transnacional, mosaicos identitários complexos de base étnica ou religiosa; privatização das guerras com a proliferação de empresas militares privadas em substituição de forças armadas nacionais inexistentes ou ineficazes (p. 211).

A intervenção de forças internacionais (Região da África Ocidental) de manutenção de paz degenerava, por vezes para conluios corruptos com os poderes dominantes (p. 212).

No Sudão encontramos alguns paralelismos com a Nigéria, predominância de contradições religiosas e do fator petróleo (p. 212).

“Expoente do Estado falhado e palco de novas guerras [..é a Somália. Sem o poder central, dada a fragilidade do Governo Federal de Transição (GFT), desmembrado em espaços políticos que se assumem como independentes sem que  sejam reconhecidos, a Somália é pasto de senhores de guerra, de líderes tribais, de bandidos armados [...].

Acresce a sua posição geográfica de alto valor estratégico internacional, o que a torna centro de preocupações das maiores potencias, até porque reúne toas as condições para se transformar em sede explosiva de centros de terrorismo internacional ...” (p. 213).

(18). A China se lança para uma expansão territorial e marítima, para garantir acesso aos portos de águas quentes e, também, para garantir as reservas de recursos naturais necessários para a sua sociedade e expansionismo. Além de se dirigir para a África, busca se assenhorar do Mar Meridional, em controvérsia com os demais países da região (Filipinas, Malásia, Vietnam, Indonésia, Brunel) que reivindicam o mesmo direito.

Para contornar a sua vulnerabilidade geográfica em relação ao petróleo do Golfo Pérsico fez acordo com o Paquistão arrendando o porto de Gwadar visando transportar petróleo para a região de Xinjiang, que reivindica um Estado separatista, pela etnia uigures, povo de origem turca (Vide ainda Bandeira, cap. VI de “A Segunda Guerra Mundial”).    

Depende do Canal de Málaca, por onde passa o transporte 80% do petróleo vindo do Golfo Pérsico, sob o controle dos Estados Unidos que possuem uma base aérea (Paya Lebar) instalada em Singapura, juntamente com ingleses e australianos que possuem bases em  outras áreas.

Este problema poderia ser resolvido com a abertura de um canal alternativo no Istimo de Kra, na Tailândia, diminuindo o percurso em 1200 Km, reduzindo, portanto, o custo de transporte e a vulnerabilidade da China frente aos Estados Unidos e aliados. Singapura, Malásia, Indonésia e, principalmente dos Estados Unidos e Reino Unido criam obstáculos à construção do canal, por razões óbvias (https://www.oladooculto.com, em “O Canal da discórdia entre EUA e China”).

Os Estados Unidos e aliados não tiram os olhos da Rússia e procuram cercá-la militarmente de todas as formas com a OTAN e economicamente através de acordos com países que pertenciam a extinta URSS e com os países aliados do Oriente Médio, para influenciar o preço do petróleo, dificultando seu ressurgimento (Rússia) como potência global.

No Oriente Médio países lutam pela supremacia regional que se entrelaçam com “facções” étnicas e religiosas, com o apoio de mercenários, constituindo verdadeiros barris de pólvoras.

Os conflitos étnicos e religiosos ainda se propagam em diversas regiões subdesenvolvidas do globo sem soluções à vista, mas sob os olhares nada republicanos e participações indiretas das grandes e poderosas nações. Contudo, poderão se alastrar para outras regiões mais desenvolvidas em decorrência das migrações massivas atuais, sendo impossível qualquer previsão.

Outrossim, as possibilidades de exploração dos recursos naturais do Ártico abrem novas frentes para disputas, que já se ensaiam algumas nações reivindicando direitos sobre partes da região.

(19). “Por exemplo, durante 27 anos da Guerra do Peloponeso (431-404 a.C.), apenas ocorreram duas grandes batalhas terrestres: Mantineia (418 a.C.) e Delos (424 a.C.). Como relata Tucídides no seu trabalho sobre a guerra, dada a assimetria entre o per naval ateniense e a poderosa infantaria espartana, as ações mais comuns foram ataques de surpresa, fustigação de tropas, ações terroristas – como hoje lhes chamaríamos -, cercos, destruição sistemática de terras agrícolas (sabotagens) e envenenamento de poços” (Baños, p. 341).

“Em seu livro Guerrilha, T.E. Lawrence apresentava as chaves para como o fraco deve agir contra o forte, com base nas experiências dos combatentes árabes contra os turcos na Primeira Guerra Mundial: ser superior em qualquer aspecto que possa ser considerado decisivo; nunca entrar em contato com o inimigo; nunca oferecer um alvo aos soldado inimigo; contar com uma espionagem perfeita; fazer uso da propaganda; constituir uma força muito dinâmica e bem equipada tão pequena quanto possível; procurar o elo mais fraco do adversário e concentrar-se nisto; estabelecer batalhas morais e não físicas; atingir, fugir e não pressionar, mas acertar; utilizar explosivos potentes; impor a máxima irregularidade e articulação; dispor de uma base intocável; contar com uma população amistosa; e dispor de total mobilidade” (Baños, p. 343).


BIBLIOGRAFIA

ALMEIDA, Luiz Biggote de, “A educação dos genes – uma viagem às origens biológicas do comportamento humano”, Climepsi Editores, Lisboa, 4ª ed. revista e ampliada, abril 2018;

BANDEIRA, Luiz Alberto Moniz:

- “A Segunda Guerra Fria – Geopolítica e dimensão estratégica dos Estados Unidos”, Ed. Civilização Brasileira, 2ª ed, 2014;

- “A desordem mundial – o espectro da total dominação, Ed. Civilização Brasileira, 3ª ed, 2017;

BAÑOS, Pedro, “Os donos do mundo”, Clube do Autor, 1ª ed., junho 2018;

BLUSTEIN, Paul, “Vexame – os bastidores do FMI na crise que abalou os sistema mundial”, Record, 2002;

BONIFACE, Pascal, “Compreender o mundo”, Ed. Texto & Grafia, janeiro 2016;         

BOBBIO, Norberto & PASQUINO, Gianfranco, “Dicionário de política”, Editora UNB, Brasília, 13ª ed, 2010;

BRANCO, Carlos, “A guerra dos Balçãs – Jihadismo, geopolítica e desinformação”, Edições Colibri, Lisboa, novembro 2016;

BRZEZINSKI, Zbigniew, “Os Estados Unidos e a crise do poder mundial”, Gradiva, Lisboa, 1ª ed, junho 2014;

DUCOULOMBIER, Romain, “História do COMUNISMO no século XX”, Ed. Texto & Grafia, janeiro 2015;

GURGIS, Tom, “A pilhagem da África, Vogais, Amadora – PT, 3ª ed. Fevereiro de 2016;

CARVALHO, José Eduardo, “Neuro economia – Ensaio sobre a sociobiologia do comportamento”, Ed. Sílabo, 1ª ed., 2009;

CHANG, Há-Joon:

- “As nações hipócritas”, Clube do Autor, 1ª ed., abril 2013;

-“23 coisas que nunca lhe contaram sobre a economia”, Clube do Autor, 2010;

COCKBURN, Patrick, “A origem do Estado Islâmico – o fracasso da “guerra ao terror” e a ascensão jihadista”, Autonomia Literária, São Paulo, 4ª impressão, outubro de 2016;

CORREIA, Pedro de Pezarat:

-“Manual de geopolítica e geoestratégia”, Edições 70, Lisboa, dezembro 2015;

-“Guerra e sociedade”, Edições 70, Lisboa, maio 2017;       

COSTA, Wanderley Messias da, “Geografia política e geopolítica”, USP, São Paulo, 2ª ed, 3ª reimpressão, 2016;

DARWIN, Charles, “A origem do homem e a seleção sexual”, Relógio D’Água Editores, Lisboa, abril, 2009;

FAGE J. D., “História da África”, Ed. 70, janeiro 2017 (1977);

FERGUSON, Niall, “O declínio do ocidente”, Publicações Dom Quixote, Alfragide-PT, 1ª ed, maio 2014;

FERNANDES, José Pedro Teixeira, “O regresso da geopolítica – Europa, Médio Oriente e Islão”, Ed. Almedina, Coimbra, abril 2017;

FRIEDMAN, George, “Focos de tensão – os choques geopolíticos que ameaçam o futuro da Europa”, D. Quixote, 1ª ed, maio de 2015;

GIBBON, Edward, “Ensaios de história”, Ed. Iluminares, São Paulo, 2014;

GUIDÈRE, Mathieu, “O choque das revoluções árabes – da Argélia ao Iémen, 22 países sob tensão”, Ed. 70, Lisboa, outubro 2012;

HARARI, Yuval Noah, “Sapiens – uma breve história da humanidade” L&OM Pocket, 2012;

HAWES, James, “A mais breve história da Alemanha”, Publicações Dom Quixote, Alfragide -PT, 2ª ed, maio 2019”;

HENSERSON, Mark, “50 ideias genéticas”, D. Quixote, Alfragide – PT, 1ª ed, agosto 2011;

HENSHALL, Kenneth, “História do Japão”, Edições 70, Lisboa, maio 2018;

JUDT, Tony, “Pós-Guerra – uma história da Europa desde 1945”, Ed. 70, janeiro 2014;

KARNAL, Leandro, “História dos Estados Unidos”, Ed. Contexto, São Paulo, 3ª ed, 6ª reimpressão, 2018;

KEEGAN, John, “Uma história da guerra”, Edições  Tinta da China, Edição de Bolso, Lisboa, 1ª ed, setembro 2009;

KISSINGER, Henry:

- “Precisará a América de uma nova política externa”, Gradiva, Lisboa, 1ª ed, outubro 2003;

- “Ordem mundial”, Objetiva, Rio de Janeiro, 2014;

LOPEZ, Philippe Sébille- “Geopolíticas do petróleo”, Edições Piaget, 206;

LOUÇÃ, Francisco & ASH, Michael, “Sombras” – A desordem financeira na era da globalização -, Bertrand Ed., 1ª ed, outubro 2017;

MAÇAES, Bruno, “O despertar da Eurásia”, Temas e Debates, Lisboa, outubro 2018;

MARSHALL, Tim:

- “Prisioneiros da geografia”, Desassossego, Porto Salvo – PT, 2017;

- “Era dos muros”, Desassossego, Porto Salvo, 1ª ed., julho 2019;

MASON, Colin, “Uma breve história da Ásia”, Editora Vozes, Petrópolis-RJ, 2017;

MEREDITH, Martin, “O destino da África – cinco mil anos de riquezas, ganâncias e desafios”, Zahar Ed., Rio de Janeiro, 2017;

MLODINOW, Leonard, “Subliminar”, Zahar Editores, Rio de Janeiro 2013;

MORAES, Marcos Antônio de & FRANCO, Paulo Sérgio Silva, “Geopolítica”, Editora Átomo, Campinas, 4ª ed., 2014;

MURRAY, Douglas “A estranha morte da Europa – imigração, identidade, religião”, Desassossego, Porto Salvo – PT, 1ª ed., maio 2018;

NYE, Joseph S., em “Compreender os conflitos internacionais – Uma introdução à teoria e à história”, Gradiva, 3ª ed. 2002;

OLIVEIRA, Ricardo Soares de, “Magnífica e miserável – Angola desde a guerra civil”, Tinta da China edições, Lisboa, outubro de 2015, 1ª ed;

PACGECO, Carlos, “Angola – um gigante com pés de barro”, Veja, 4ª ed., 2014;

PINTO, Jaime Nogueira:

“O Islão e o Ocidente – A grande discórdia”, D. Quixote, 5ª ed., 2017;

“Bárbaros e iluminados – populismo e utopia no século XXI, D. Quixote, 3ª ed, março 2019;

PORTER; Michael, “A vantagem comparativa das nações”, Ed. Campos, Rio de Janeiro, 2ª reimpressão, 1993;

SHEFFIELD, Gary, “Uma breve história da Primeira Guerra Mundial”, Editorial Presença, Queluz de Baixo – PT, 1ª ed., novembro de 2018;

STIGLITZ, Joseph,

- “Tornar eficaz a globalização”, Ed. Asa, 1ª ed, outubro 2007;

- “Globalização como dae certo”, Companhia das Letras, 2006;

STONE, Oliver & KUZNICK, Peter, “A história não contada dos Estados Unidos”, Vogais, Amadora, 1ª ed. Setembro 2015;

TURNER, Adair, “Entre a dívida e o diabo – moeda, crédito e recuperação do sistema financeiro internacional”, Gradiva, maio, 2016;

TZU, Sun, “A arte da guerra”, Relógio D’Água Ed., agosto 2009;

VALLE, Alexandre del, “O complexo ocidental – pequeno tratado da desculpabilização”, Casa das Letras, fevereiro 2020;

VESENTINI, José William, “Novas geopolíticas”, Ed. Contexto, São Paulo, 5ª ed, 4ª reimpressão, 2016;

WOLF, Martin, “As mudanças e os choques”, Clube do autor, 1ª ed. , maio 2015;

WOODWARD, Bob, “Medo” – Trump na Casa Branca”, Publicações Dom Quixote, Alfragide – PT, 1ª ed, novembro 2018: dominação, Ed. Civilização Brasileira, 3ª ed, 2017; 

BOBBIO, Norberto & PASQUINO, Gianfranco, “Dicionário de política”, Editora UNB, Brasília, 13ª ed, 2010;

BRANCO, Carlos, “A guerra dos Balçâs – Jihadismo, geopolítica e desinformação”, Edições Colibri, Lisboa, novembro 2016;

BRZEZINSKI, Zbigniew, “Os Estados Unidos e a crise do poder mundial”, Gradiva, Lisboa, 1ª ed, junho 2014;

GURGIS, Tom, “A pilhgem da África, Vogais, Amadora – PT, 3ª ed. Fevereiro de 2016;

COCKBURN, Patrick, “A origem do Estado Islâmico – o fracasso da “guerra ao terror” e as ascensão jihadista”, Autonomia Literária, São Paulo, 4ª impressão, outubro de 2016;

CORREIA, Pedro de Pezarat:

“Manual de geopolítica e geoestratégia”, Edições 70, Lisboa, dezembro 2015;

“Guerra e sociedade”, Edições 70, Lisboa, maio 2017;        

COSTA, Wanderley Messias da, “Geografia política e geopolítica”, USP, São Paulo, 2ª ed, 3ª reimpressão, 2016;

DARWIN, Charles, “A origem do homem e a seleção sexual”, Relógio D’Água Editores, Lisboa, abril, 2009;

FERGUSON, Niall, “O declínio do ocidente”, Publicações Dom Quixote, Alfragide-PT, 1ª ed, maio 2014;

FERNANDES, José Pedro Teixeira, “O regresso da geopolítica – Europa, Médio Oriente e Islão”, Ed. Almedina, Coimbra, abril 2017;

GIBBON, Edward, “Ensaios de história”, Ed. Iluminares, São Paulo, 2014;

GUIDÈRE, Mathieu, “O choque das revoluções árabes – da Argélia ao Iémen, 22 países sob tensão”, Ed. 70, Lisboa, outubro 2012

HAWES, James, “A mais breve história da Alemanha”, Publicações Dom Quixote, Alfragide -PT, 2ª ed, maio 2019”;

HENSERSON, Mark, “50 ideias genéticas”, D. Quixote, Alfragide – PT, 1ª ed, agosto 2011;

HENSHALL, Kenneth, “História do Japão”, Edições 70, Lisboa, maio 2018;

KARNAL, Leandro, “História dos Estados Unidos”, Ed. Contexto, São Paulo, 3ª ed, 6ª reimpressão, 2018;

KEEGAN, John, “Uma história da guerra”, Edições  Tinta da China, Edição de Bolso, Lisboa, 1ª ed, setembro 2009;

KISSINGER, Henry:

- “Precisará a América de uma nova política externa”, Gradiva, Lisboa, 1ª ed, outubro 2003;

- “Ordem mundial”, Objetiva, Rio de Janeiro, 2014;

MAÇAES, Bruno, “O despertar da Eurásia”, Temas e Debates, Lisboa, outubro 2018;

MORAES, Marcos Antônio de & FRANCO, Paulo Sérgio Silva, “Geopolítica”, Editora Átomo, Campinas, 4ª ed., 2014;

MASON, Colin, “Uma breve história da Ásia”, Editora Vozes, Petrópolis-RJ, 2017;

MARSHALL, Tim:

- “Prisioneiros da geografia”, Desssossego, Porto Salvo – PT, 2017;

- “Era dos muros”, Desassossego, Porto Salvo, 1ª ed., julho 2019;     

MEREDITH, Martin, “O destino da África – cinco mil anos de riquezas, ganâncias e desafios”, Zahar Ed., Rio de Janeiro, 2017;

MLODINOW, Leonard, “Subliminar”, Zahar Editores, Rio de Janeiro 2013;

MURRAY, Douglas “A estranha morte da Europa – imigração, identidade, religião”, Desassossego, Porto Salvo – PT, 1ª ed., maio 2018;

OLIVEIRA, Ricardo Soares de, “Magnífica e miserável – Angola desde a guerra civil”, Tinta da China edições, Lisboa, outubro de 2015, 1ª ed;

PORTER; Michael, “A vantagem comparativa das nações”, Ed. Campos, Rio de Janeiro, 2ª reimpressão, 1993;

SHEFFIELD, Gary, “Uma breve história da Primeira Guerra Mundial”, Editorial Presença, Queluz de Baixo – PT, 1ª ed., novembro de 2018;

STONE, Oliver & KUZNICK, Peter, “A história não contada dos Estados Unidos”, Vogais, Amadora, 1ª ed. Setembro 2015;

VESENTINI, José William, “Novas geopolíticas”, Ed. Contexto, São Paulo, 5ª ed, 4ª reimpressão, 2016;

WOODWARD, Bob, “Medo” – Trump na Casa Branca”, Publicações Dom Quixote, Alfragide – PT, 1ª ed, novembro 2018.

 

ARTIGOS:

        

Site Melisiofrota.blogspot.com:

 

-“Industrialização e desenvolvimento no Brasil – Aspectos políticos e sociais (1930-1964)”, julho de 2015;

-Poupança, Investimento, a falácia (paradoxo) da poupança externa e outros aspectos do subdesenvolvimento”, julho 2016;

-“Obstáculos sociais ao desenvolvimento econômico – Comentários ao livro de Ho-Joon Chang”, setembro de 2017;

“A ideologia das Vantagens Comparativas”, julho de 2014. 


Nenhum comentário:

Postar um comentário