CONTINUAÇÃO: 5ª PARTE
A NOVA GEOPOLÍTICA
(FUNDAMENTOS E IDEOLOGIA)
-A geopolítica Pós-Guerra Fria-
ANEXO
SOBRE A AGRESSIVIDADE E A GUERRA
“Nós
precisamos entender melhor a natureza humana, porque o único perigo real que
realmente existe é o próprio homem” (Carl Jung).
“É da
natureza humana ser atraída pelo lado mau e nos tornamos realmente responsáveis
por isso” (Ian Somerhalder)
“Trate as pessoas
como merecem, e ninguém escapa ao chicote” (William Shakespeare).
“É mais fácil
mudar a natureza do plutônio do que mudar a natureza maldosa do homem” (Albert
Einstein).
“Toda guerra
é baseada no logro” (Sun Tzu).
“Pois nunca
Estado algum beneficiou da guerra prolongada” (Sun Tzu).
“As armas
devem ser usadas em última instância, onde e quando outros meios não bastem”
(Maquiavel).
“Se queres a
paz prepara-te para a guerra” (Provérbio romano).
“Todo homem
investido de poder é tentado a abusar dele” (Charles de Montesquieu).
“Agora eu me
torno a morte, o destruidor de mundos” (Julius Oppenheimer).
“Todas as
civilizações devem as suas origens ao guerreiro” (Keegan, p. 17).
A
alusão de Nye, de que a “paz irrompeu entre
as principais democracias liberais é exata” (pgs 42 e 274), além de
simplória é ideologicamente muito perigosa, porque faz com que as guerras sejam
apenas consequências de sistemas políticos e alimenta ideologicamente guerras
contra países que não tenham um regime democrático liberal, ou melhor,
alinhados com o ideal de democracia americano, sob o crivo de seu
discernimento, de conformidade com a concepção da Nova Geopolítica.
Por
outro lado, não analisa o contexto histórico em que se deu um apaziguamento pós
2ª Grande Guerra Mundial das relações conflituosas entre as nações que antes
eram as mais poderosas econômica e militarmente, principalmente as ocidentais.
Ela
é apenas uma outra versão, similar e inversa, à concepção dos socialistas de
que a guerra seria impossível nas sociedades socialistas, porque nestas não
existiria classes, principalmente a burguesia. “Teoria” esta que vigorou na era
do imperialismo, sobre a partilha do mundo, notadamente da África, em finais do
século XIX e início dos XX, e que desencadeou a 1ª Grande Guerra (sobre o
assunto, ver Lenin e Bukarin).
Também
vai de encontro a toda uma gama de historiadores, antropólogos, cientistas
sociais e demais estudiosos que se dedicaram a analisar e estudar os motivos
das guerras.
É
provável que a explicação sobre os motivos pelos quais os seres humanos entram
em conflito e guerra, que mais tenha
ressonância na cultura, principalmente ocidental, sejam as concepções de Darwin
sobre a seleção natural, ou a sobrevivência do mais apto, ou luta pela
sobrevivência, conceitos que se complementam, dos quais o autor utiliza sem
distinções ao longo de suas obras.
“A seleção natural resulta da luta pela sobrevivência”
(Darwin, p. 164).
“Seleção
natural: Vimos até agora que o Homem varia em estrutura física e faculdades
mentais; e que estas são induzidas, tanto direta quanto indiretamente, pelas
mesmas causas gerais e obedecem às mesmas regras gerais que as dos animais
inferiores. [...] Os primeiros ancestrais do homem, como todos os outros
animais também devem ter tido a tendência de crescer para além dos seus meios
de subsistência. Por isso, devem ter estado ocasionalmente expostos pela
sobrevivência e, consequentemente, à rígida lei da seleção natural” (Darwin, p.
66).
“Aos números (o autor se refere à dimensão das tribos)
dependem principalmente dos meios de subsistência, que dependem, por sua vez ,
e em parte das características físicas da região, e, a um grau bastante elevado,
das artes que aí foram praticadas. À medida que uma tribo cresce e se torna
vitoriosa, é frequente que continue a crescer pela absorção de outras tribos. A
estrutura e força dos homens são características que também têm alguma
importância para o sucesso das tribos; e que dependem, em parte, da qualidade e
da quantidade de comida disponível” (idem, p. 153).
Segundo
o historiador Harari, esta é uma das teorias que talvez explique a extinção dos
Neandertais (uma outra espécie humana) e a sobrevivência do Homo sapiens:
“A visão oposta
(o autor se refere a da miscigenação), chamada “teoria da substituição”, conta
uma história muito diferente – uma história de incompatibilidade, repulsa e,
talvez, até mesmo genocídio. Sapiens e Neandertais tinham hábitos anatomias
diferentes e muito provavelmente hábitos de acasalamento e até mesmo odor corporal diferentes.
Provavelmente tinham pouco interesse sexual uns pelos outros” (p. 31).
Existem
outras teorias como uma melhor adaptação do Sapiens às modificações climáticas
e suas consequências e até mesmo simplesmente à sorte (em BBC News BR, “Estudo
diz que Neandertais eram capazes de fazer arte”). Existe outra, mais recente e com
base na genética, que confirma uma miscigenação entre as duas espécies e a
provável extinção definitiva pela erupção do super-vulcão Campi Flegrei
(1A).
Por
outro lado, não podemos considerar esta “regra” (de Darwin) como inexorável,
porque a história da humanidade nos mostra que muitas vezes civilizações culturalmente
mais desenvolvidas se dobraram às menos desenvolvidas, sendo Roma um caso a
parte, com diversas versões, mas indiscutivelmente mais civilizada que seus
invasores godos.
Basta
lembrar Gengis Khan e Átila, nômades bárbaros que não se adaptavam a uma vida
sedentária. Sob o comando de Átila, os hunos, povo das estepes, aterrorizaram e
devastaram civilizações da Europa Oriental, “assaltaram tribos germânicas no
Danúbio, subjugaram os visigodos na Dália (Hungria)”, chegaram até na planície
do Pó e ameaçaram Roma. Tinham o prazer em saquear, mas tinham dificuldades em
se fixar nas terras conquistadas, em virtude dos seus hábitos nômades (Keegan,
p. 248/49).
As
guerras possuem algo “inexplicável” porque, de acordo com Sun Tzu, além de
dependerem das estratégias e do caráter de seus comandantes, dependem também do
moral dos exércitos, da evolução das armas, da simulação, das alianças, dos
agentes secretos, da intriga, da traição, da diplomacia, da corrupção, da
fraude e do logro (ver Nota Introdutória, p. 20);
“Ora, a guerra é fundada no logro” (p.84 e 33);
“[...] sempre que fordes capazes, parecei incapazes e
sempre que estiverdes prontos para a acção, parecei inoperantes (p. 34);
“Simulai a inferioridade e encorajai-o à arrogância”
(p.35);
“Ch’ en Hao: Dai ao inimigo jovens de ambos os sexos
para enfatuardes, bem como jade e seda para excitardes as duas ambições
(p.36);
“Chia Lin: Os planos e projetos destinados a
prejudicar o inimigo não estão confinados a um método particular. Umas vezes afastai
os seus homens sábios e virtuosos, para que não haja conselheiros; ou enviai
traidores para minar a administração do seu Estado; graças a logros engenhosos
separei o Soberano de seus ministros; ou enviai artesões hábeis para incitar a
população a dilapidar as suas riquezas; ou oferecei-lhe músicos e dançarinas
licenciosas para lhe mudar os hábitos; ou dai-lhe belas mulheres para levar a
perder a cabeça (p.95);
“As operações secretas são essenciais na guerra; é
delas que os exércitos dependem a cada lance.
Chia Lin: Um exército sem agentes secretos é como um
homem sem olhos nem ouvidos Um exército sem agentes secretos” (p.146).
Entretanto,
muito embora as teorias de Darwin sobre a evolução das espécies tenham
contribuído bastante para a ciência ela não é suficiente para explicar as
razões porque os seres humanos entram em guerra. Darwin foi um homem do seu
tempo, de uma época vitoriana bastante preconceituosa e rígida moralmente, daí
os seus comentários degradantes em relação aos irlandeses, os seus elogios aos
escoceses, às expressões sobre raças inferiores, as suas concepções sobre as
mulheres (embora não ofensivas), às virtudes dos ingleses frente aos franceses,
a admissão de uma classe alta intelectual e moralmente superior, capaz de transmitir através da hereditariedade estas
qualidades aos descendentes, perpetuando e justificando as diferenças sociais,
baseadas numa evolução constante das raças e classes superiores em relação às
inferiores (ver esp// pgs. 161, 621, 636).
A
sua visão de progresso é fundamentalmente
embasada na luta pela sobrevivência, com base na lei de Malthus, que
enfatiza a disparidade de progressão entre os meios de subsistência e a taxa de
natalidade dos seres humanos, teoria esta já posta fora de questão por Marx e
pela revolução agrícola posterior. Não leva em consideração (nem poderia) que
as sociedades criam constantemente novas necessidades que são fontes de novos conflitos.
Em
algumas citações, mormente às relacionadas ao progresso das nações civilizadas,
associado a um nível elevado de “moralidade” e às qualidades de homens bons,
relativiza a seleção natural; em outras avança com o mesmo conceito de seleção
natural (1B).
Talvez,
pela sua visão vitoriana, um tanto preconceituosa, sem um estudo mais aprofundado
da importância das relações humanas e sociais nos destinos da humanidade, que tomaram
impulso posteriormente, tenha presenciado a expansão do imperialismo inglês,
com todas as suas carnificinas, com bons olhos, como um fenômeno natural, uma
virtude e superioridade inglesa, em prol da evolução da humanidade, como resultado
da “luta pela sobrevivência”.
Importante
frisar que o conceito de evolução pela biologia se distingue do conceito de
evolução no sentido de progresso. Se há “adaptação do mais apto ao meio” necessariamente
não significa que o mais apto é mais evoluído ao que não se adaptou ou
sobreviveu, simplesmente porque se adaptou às mudanças ambientais.
Deve-se
salientar, ainda, que as suas concepções, que foram endossadas por seu primo
Francis Galton (antropólogo e sociólogo entre outras formações, nascido em
classe abastarda), a quem faz menção elogiosa em algumas páginas do seu livro,
levaram à teoria “filosófica?” do darwinismo
social, que forneceu o substrato ideológico, que em consonância com o
nacionalismo e a corrida armamentista da época, forneceu o combustível
necessário à eclosão das 1ª Grande Guerra Mundial. (Sobre o assunto consultar
Sheffield).
Sun
Tzu, no seu clássico livro “A Arte da Guerra”, escrito provavelmente em torno
de 400 a.c. (há divergências), estabelece os 5 motivos que ocasionam os
conflitos militares:
“Existem cinco motivos que ocasionam operações
militares: o primeiro é a luta pela glória; o segundo, a luta pela vantagem; o
terceiro, a acumulação; o quarto, as desordens internas; o quinto a fome” (p.
150).
Entre
os cinco tipos de guerra o autor menciona a “guerra raivosa” e a “guerra pela
guerra”.
Correia,
em “Guerra e Sociedade”, afirma que a guerra nunca tem uma causa única:
“As causas são sempre múltiplas, e com a evolução da
sociedade, com ao avanço tecnológico, com a crescente complexidade política,
econômica, social e cultural, com a explosão demográfica, as causas da guerra
não cessam de se multiplicar” (p. 52).
Distingue,
ainda, duas grandes teorias: a determinista e a evolucionista. A determinista
compreende a guerra como uma “fatalidade que sempre existiu e continuará a
existir”. Ela divide-se em dois tipos: teleológicas e biossociológicas. As
teleológicas serão determinadas por forças “transcendentais” e “inevitáveis”.
“As biossociológicas situam as causas da guerra na
natureza do homem, encarando-a como fator de equilíbrio, de justiça, ligada ao
instinto de conservação e de seleção
natural, mas indispensáveis ao progresso.
A doutrina evolucionista, pelo contrário, considera
que a guerra é um produto de fatores derivados do homem e da sua organização em
sociedade, mas não inerentes à própria natureza humana” (pgs. 52/53).
Após
estes esclarecimentos, o autor trata em tópicos separados: 2.1) causas
políticas; 2.2) causas econômico-sociais; 2.3) causas identitárias; 2.4)
motivações; 2.5) causas justas?.
O
autor associa às causas políticas as guerras expansionistas, coloniais,
imperiais, as guerras de resistência ou libertação, do “dilema de segurança”,
geoestratégicas relacionadas com o território, de assimetria de poderes e
punitivas que, logicamente, estão inclusas na concepção de Clausewitz de que “a guerra é a continuação da política por
outros meios”(p. 56/8). Para melhor explicar este ponto de vista, diz que a
guerra é “um instrumento da política”,
ou melhor, “serve objetivos da política”
(pgs. 54, 128,130). Importante ressaltar que Liddell Hart (em Prefácio de
“A arte da guerra”) e Keegan não concordam com esta posição de Clausewitz.
A
crítica de Keegan é ampla, destacando o aspecto cultural das guerras, situando-as
historicamente; a passagem para os regimentos; a importância que a Revolução
Francesa e a derrota dos prussianos para Napoleão tiveram na teoria de
Clausewitz; as condições culturais dessa época; a educação daquele autor; com
exemplos de situações em que sociedades
passaram a adotar a “guerra como
continuação da política”. Por conseguinte, traça um perfil totalmente
diferente ressaltando a importância da cultura nas guerras, que, juntamente com
a questão da adaptação à evolução das armas e equipamentos, são o cerne de seu
livro (pgs. 32 a 91, 462-4, 505-507). Vide Nota (2).
Afirma:
“O envolvimento dos cossacos foi, em si mesmo, uma
garantia de que os atos incendiários, a pilhagem, a violação, o assassinato e
centenas de outras atividades ultrajantes abundariam, já que, para os cossacos,
a guerra não era política, mas uma cultura e um modo de vida” (p. 26).
A
crítica de Hart é pontual, pois ressalta que a concepção de “guerra total”, de Clausewitz, deixou de incluir um “princípio de moderação na filosofia da
guerra”, contrapondo ao princípio de Sun Tzu de que “Nunca Estado algum beneficiou de uma guerra prologada” (Prefácio,
ps. 9/10).
As
causas econômico-sociais são associadas aos “interesses materiais ou com benefícios deles derivados”: território, infraestruturas, recursos, matérias
primas, mercado, tarifas aduaneiras, embargos, dívidas externas ou degradação
ambiental, desequilíbrios financeiros, econômicos e sociais, desemprego,
pobreza, fome, epidemias, subdesenvolvimento em geral (p. 59/60). Importante
ressaltar que o autor cita Maquiavel, para quem “a guerra é um instrumento de enriquecimento”.
Neste
campo estão também inclusas as guerras pela escravatura e as por motivações
ideológicas, incluindo nestas as teorias marxistas que explicam os fundamentos
das guerras na natureza do sistema capitalista, dividido em classes sociais e
na apropriação e acumulação privada. Óbvio que esta visão marxista não se
aplica apenas às economias capitalistas (pgs. 59 a 61). Também estão neste
tópico as guerras fomentadas pelos grandes lobbies
em benefício do complexo militar-industrial, mormente americano (p. 62).
Cabe
aqui lembrar o alerta do presidente americano Eisenhower, em pronunciamento de
despedida:
“Nos conselhos do governo, temos de proteger contra a
aquisição de influência injustificada, seja procurada ou não, pelo complexo
militar-industrial. O potencial para a ascensão desastrosa de um poder mal
existe e persistirá” (https://pt.qwe.wiki>wiki>> Eisenhower).
Em
seguida vêm as causas identitárias (tutsis versus hutus, segundo Correia),
associadas por vezes às etnias, entendendo-se estas como um conjunto de valores
socioculturais e comportamentais (hábitos, crenças, costumes, morais,
artísticos, religiosos, ideologias, linguísticos, etc), com os quais um
indivíduo se identifica, por ser um
ser humano social e político e que distinguem diversas comunidades.
Trata-se
de um sentimento de pertença pelo
qual um indivíduo participa e comunga dos valores de determinada comunidade (em
sentido lato), que lhe dá a sensação de solidariedade, segurança, felicidade,
orgulho de fazer parte de um patrimônio histórico-cultural, de continuidade com
a cultura e a histórica de seus antepassados. Sentimentos que estão enraizados
e sedimentados no psiquismo pela educação e convívio social e que não pode
dispensar em razão das raízes afetivas e emocionais, que têm o poder de condicionar
o seu comportamento. Por este motivo sente-se estranho, frustrado, ameaçado e
inseguro em outras culturas diferentes.
Numa
linguagem mais científica também está associada à palavra grega ethos:
“Ethos (em grego: hábito, costume, uso, caráter, disposição)
é o conjunto de traços e modos de comportamento que conformam o caráter ou a
identidade de uma coletividade” (em https://pt. wikipedia.org>wiki>).
Nesta
categoria o autor menciona as guerras dos tipos: nacionais, religiosas, étnicas
e ideológicas incluindo nestes as guerras por motivações ofensivas e
defensivas, o chauvinismo e a xenofobia (p. 68).
Acredito
serem quase todas autoexplicativas, mas merecem alguns poucos comentários. O
que podemos observar e concluir da longa lista apresentada pelo autor é que
para muitas guerras podem coexistir diferentes causas e que algumas também
podem ser classificadas em tópicos diferentes, como socialismo x capitalismo,
feudais x burguesas. As revoluções tanto podem ser ideológicas (Revolução
Francesa, Russa), políticas e econômico-sociais ou uma miscelânea delas. Também
as ideologias e o nacionalismo fazem parte da cultura de uma nação ou
comunidade e assim por diante. Mas isto pouco interessa para o nosso propósito,
porque há uma dificuldade muito grande na própria classificação e esta opção
foi apenas para efeitos didáticos.
Quanto
às motivações, o autor com base em Lebow, que analisa as guerras pós Vestfália,
durante três séculos, identifica: segurança (medo), interesse (necessidade),
estatuto (honra), vingança (represália).
Verificam-se
alguns pontos de contato entre as classificações dos diversos autores. A
classificação de Sun Tzu é mais genérica. O estatuto (honra) assemelha-se à
“luta pela glória” de Tzu. A “acumulação de animosidade” (de Tzu) abrange a de
“represália (vingança)”. As guerras por “vantagens” (Tzu) podem ser associadas
às guerras “políticas” (preventivas e geoestratégicas) e “econômico-sociais”.
De
particular interesse para este artigo são as guerras geoestratégicas, que podem
ser tanto “políticas”, “econômicas” e “ideológicas”, relatadas por Correia ou
as lutas por “vantagens” (de Tzu).
Elas
podem ser consideradas como políticas quando
relacionadas a uma ocupação local ou por alianças que traga vantagens
estratégicas em comparação ao inimigo ou rival (seria por exemplo o caso da
ocupação das Colinas de Golã por Israel, pois dá-lhe um campo visual bastante
abrangente sobre o inimigo Síria, e também permite o controle de água em
relação aos palestinos, onde se encontra a nascente do rio Jordão),
desmotivando-o relativamente.
A
ocupação geopolítica de caráter econômico se dá quanto ao controle de regiões
ricas em recursos naturais, que sejam importantes para a economia (indústria)
do país controlador (2ª Guerra do Iraque, guerras e partilhas da África). Ela
também pode assumir uma configuração política quando se dá através de alianças
políticas que garantam o fornecimento e o escoamento das matérias primas. Nesta categoria encontram-se os EUA em
relação aos países do Oriente Médio.
E
ela também pode ser ideológica quanto à conquista para cooptar uma região
(nação) que venha a ser um potencial rival no futuro, modificando o status e equilíbrio
da ordem internacional vigente, em prejuízo do país invasor. A guerra do
Vietnam teve esta conotação, muito embora existissem concomitantemente motivos
políticos. Conter a ideologia socialista e o avanço do poder soviético.
É
importante observar que pode até prevalecer uma tipologia específica, mais para
efeitos didáticos, mas nas guerras coexistem mais de uma causa ou motivo.
Nye
nos traz uma longa explanação sobre a causa da Guerra do Peloponeso, baseada em
Tucídedes, mencionando a ameaça de quebra do “equilíbrio do poder” (relacionado ao problema de segurança), entre
Atenas e Esparta:
“O que tornou
a guerra inevitável foi o crescimento do poder de Atenas e a apreensão que isto causou em Esparta”
(P. 18).
É
provável que enquanto nômades não houvesse guerra entre os seres humanos, por
falta de uma organização e por não existir “acumulação” que chegou com a
organização das tribos e sedimentação (agricultura e domesticação dos animais).
Todavia é provável que existissem escaramuças entre grupos para se apropriarem
dos alimentos e de regiões mais férteis, como acontece com alguns animais.
Keegan
aborda a questão de forma diferente. No capítulo “Porque lutam os homens?
começa colocando uma questão que intriga todos nós humanos, quanto à natureza
violenta do ser humano, para posteriormente discorrer sobre as diversas teorias
“científicas” que procuram desvendar este enigma:
“É a imprevisibilidade do comportamento humano,
sobretudo a do comportamento violento, nos indivíduos e nos grupos, que os
desafia a fornecer explicações” (117).
Diz
não haver duvidas sobre a potencialidade
da violência humana, mas coloca em questão a natureza violenta do homem,
dividindo o problema em duas correntes: os que acreditam na violência natural e
os que endossam o ponto de vista de que a potencial violência é posta em razão
de fatores materiais.
Com
fundamento na neurologia coloca a visão dos neurologistas que concluem:
“que as reações ao medo, à aversão ou à ameaça que são
resolvidas pela agressividade – mas também pela defesa – têm origem no sistema
límbico. [...] lesões nos lóbulos frontais do homem podem provocar explosões
incontroladas de agressividade [...] não seguida de remorso” (Keegan, p. 118).
Em
seguida menciona as hormonas, secretadas pelas glândulas endócrinas, mormente
a testosterona,
produzida nos testículos, que é responsável pelo comportamento agressivo, de
acordo com as concentrações. Os cientistas também descobriram que a redução dos
níveis de serotonina aumenta a agressividade.
Segundo,
ainda, o autor:
“As provas produzidas pela experiência genética e
ainda mais pelos animais criados em condições laboratoriais não fornecem,
porém, resposta às questões sobre a disposição agressiva de uma criatura viva,
incluindo homens, no seu meio ambiente.
“É necessário negar toda a ligação genética ente o
homem e o resto do reino animal – uma posição defendida apenas pelos
criacionistas radicais – para desconsiderar a possibilidade de que a
agressividade pode fazer parte da herança genética do homem.
Esta indiferença sugere também que os proponentes do
ponto de vista de que o homem é naturalmente agressivo dão muito pouco
importância à influência moderadora de outras partes do cérebro para além do
sistema límbico” (keegan, pgs. 122/3).
Cita
Freud em “Porque a guerra?”, uma em
correspondência com Einstein, de <<que o homem tem dentro de si uma ânsia pelo ódio e pela destruição>>.
Quem sabe, uma luta contínua entre os instintos de “vida” e de “morte”
(destruição).
Continuando,
cita Conrad Lorenz, zoólogo e etólogo agraciado pelo prêmio Nobel, para quem, nas
suas observações de animais em estado selvagem e ambientes
controlados, “a agressividade é uma
<<pulsão>> natural cuja energia provém do próprio organismo, que
faz uma <<descarga>> quando estimulado por uma
alavanca apropriada”(p. 124).
Todas
estas visões “científicas” levaram, como em outras questões relativas ao
comportamento humano, a um impasse não
só entre teorias ligadas às ciências naturais e às ciências sociais. Mas também
dentro das ciências sociais que procuram fazer um elo entre o comportamento
animal e o humano, a partir, mormente, dos mamíferos, e aquelas que colocam a
ênfase exclusivamente na educação, na cooperação e na sociabilidade do ser
humano.
Cito
novamente Keegan:
“Para as feministas, os educadores progressistas e os
relativistas moralistas Coming of age in
Samoa continua a ser uma obra sagrada, quer estejam disso conscientes ou
não. O determinismo cultural teve
também uma profunda influência nos colegas antropólogos de Boas no mundo anglo-saxônico,
mas por uma questão diferente” (p. 128).
Quanto
a estas questões, podemos afirmar que a cooperação e a sociabilidade não são
características apenas da espécie humana, mas também de animais, muitos dos
quais altamente sociabilizados, nos instrumentos de defesa e ataque, de
comunicação grupal e de compartilhamento em diversos aspectos (muito
interessantes são os suricatos, as alcateias e mesmo as formigas e abelhas).
Por
outro lado, conforme já destaquei no artigo “Sapiens”, comentários sobre o livro de Harari, do mesmo nome, que a
sociabilidade convive pari passu com
a competição e agressividade.
“A cooperação
não elimina a competição intragrupo, por liderança” (em, “melisiofrota.
blogspot.com”).
Também
afirmei que “é aceito cientificamente que
embora a testosterona não seja isolada e unicamente responsável pela agressividade
ela é um fator facilitador” e que:
“Na antiguidade não era raro castrar os homens por
motivos bélicos. A perda de capacidade de produzir o hormônio testosterona
reduzia a capacidade muscular e a disposição para liderar revoluções”.
Entretanto,
é o próprio Keegan quem coloca a questão e não fornece a resposta:
“A observação é que a guerra é um fenômeno universal,
praticado em todas as épocas e lugares desde o fim da era glaciar;” (p. 78).
Em
vista deste impasse escrevi:
“Outrossim a questão da agressividade (violência) ser
“natural” ou se é desencadeada por “fatores materiais” é até certo ponto, me
parece, de pouca relevância prática, tratando-se de mais um preciosismo
científico. Porque existirão sempre fatores, sejam culturais, psíquicos ou
psíquicos-culturais (propriedade privada, riqueza, culto aos guerreiros,
preconceitos, traumas, sentimentos de superioridade, vingança, inveja, ciúmes,
vaidades), biológicos (medo, defesa, fome, prevenção) e objetivamente materiais
( geográficos, climatérios, demográficos, escassez de recursos) que se
interligam, desencadeiam e motivam-justificam a violência e a guerra, levando a
questão a um círculo vicioso” (“Sapiens”, em melisiofrota.blogspot.com).
O
cérebro compõe o SNC (Sistema Nervoso Central) e nele encontra-se o sistema
límbico que:
“é responsável pela vida emocional de tem
importante papel na formação da memória” (Carvalho, p. 266);
“As regiões límbicas têm um papel
importante nas emoções que originam reações orgânicas e comportamentais
específicas, como aquelas que são despertadas pelo medo, fúria, ou emoções de
cariz sexual. Elas intervêm no sentir, no comportamento alimentar, de
acasalamento, luta e procura de refúgio [...]” (Almeida, p. 249, em “Introdução
...”).
O
hipotálamo, localizado no sistema límbico:
“Coordena as atividades mais automáticas do organismo,
controla os estados de sono e vigília e regula o equilíbrio da água e da
temperatura corporal. É responsável por regular a fome, a sede, resposta à dor, níveis de prazer, satisfação sexual e
comportamento de raiva e agressivo” (Carvalho p. 125/6).
Quanto
ao lobo frontal:
“A informação, filtrada pelo tálamo, atinge outras
regiões do córtex, onde é efetuado o seu processamento final. Muita dessa
informação viaja até ao lobo frontal, a peça inteligente do cérebro. Utiliza a
informação recebida para tomar decisões, para fazer planos. A serotonina pode
influenciar o modo como o lobo frontal toma as decisões, quer ajudando ou
dificultando o tálamo” (Carvalho, p.144/5).
“Encarrega-se do planejamento consciente e controla a
atividade motora aprendida, como a articulação da linguagem, o pensamento e a
planificação do futuro (idem, p. 123).
E
aqui chegamos ao cerne da questão. Muito embora os argumentos de Keegan, sobre
a agressividade e seu controle, sejam interessantes não significa que os
diversos “componentes” do cérebro e, principalmente, do sistema límbico
interajam de forma semelhante em diversos indivíduos, prevalecendo sempre o
comportamento socialmente adequado, regulado pelo córtex. Em outras palavras, o
sistema mais desenvolvido serviria para controlar e mediar uma “pulsão” básica e elementar que é a
agressividade, sem a qual a espécie humana não teria sobrevivido:
“Assim, diferentes comportamentos poderão ser
explicados pelas diferentes alterações aos circuitos no interior da amígdala ou
entre a amígdala e outras regiões. Especificamente o medo excessivo e desadequado poderá ocorrer devido a
hipersensibilidade da amígdala, detectando perigo e respondendo de forma
defensiva a uma situação que outra pessoa ignoraria. Pelo contrário, a amígdala
poderá ser por demasiado reativa, respondendo com uma defesa mais vigorosa que
de outra pessoa para o mesmo nível de perigo. Qualquer um desses desarranjos poderá advir de causas
genéticas ou de experiências traumáticas, ou de alguma forma geradora de grande
tensão, ou de alguma combinação das duas” (negritos meus, Carvalho, p. 137).
Nota (3).
E
diante destes fatores conclui-se que o organismo “biológico” humano, incluindo
a mente, está apto e receptivo, até onde a história nos permite visualizar, a interagir com os diversos estímulos culturais
e psíquicos que poderão impulsionar e predispor o ser humano para uma menor ou
maior agressividade e, como consequência, para a guerra.
Neste
sentido, podemos admitir que muitas vezes as normas sociais e as leis além de
serem preventivas são mais inteligentes que os estudos científicos, porque desde
os primórdios punem as agressividades ameaçam os sistemas sociais,
salvaguardando os interesses das coletividades, permitindo assim a
perpetuação destas ao longo do tempo.
Importante
realçar que o antropólogo Franz Boas considerou “improdutiva a busca pelas origens” da agressividade (Keegan, p.
127), algo muito parecido com o antigo questionamento, colocado aos jovens, sobre
quem surgiu primeiro: o ovo ou a
galinha.
Quanto
à questão da “guerra pela guerra”, relacionada como um dos cinco tipos de guerra,
Keegan nos dá como exemplo os Marings:
“Uma delas é que os marings vitoriosos raramente
ocupavam todo ou sequer algum território de um clã derrotado, por receio que
alguma magia negra ali deixada pudesse torná-lo inseguro. A outra é que o
calendário da guerra coincidia sempre com a prontidão de um grupo de clãs em
oferecer a oferenda sacrificial necessária aos espíritos ancestrais para ajudar
na batalha.
Na verdade, podemos pensar que os marings lutavam por
hábito, talvez até por gozo, e não por uma qualquer razão avançada por uma
teoria antropológica (p. 145).
Ficamos
com o desafio de enquadrar os motivos mais variados das guerras com a frase de
Gengis Khan sobre qual seria o “mais doce
prazer da vida” (Keegan, p. 254):
“O maior prazer do homem é perseguir e derrotar o
inimigo, apoderar-se de todas as suas posses, deixar-lhe as mulheres viúvas a
chorar e lamentar-se, montar os seus cavalos e usar o corpo das suas mulheres
como camisa de noite e apoio”.
As
escaramuças para se apropriar da caça do outro, não necessariamente pela fome, provavelmente
existiram nos primórdios, quando o ser humano ainda era nômade.
Que
se diga que a agressividade humana não se limita e se manifesta somente na
guerra, mas, muito mais, a nível
individual e grupal, tais como: homicídios, violência doméstica,
rivalidades entre gangues nas grandes cidades, crime organizado, os bullies perpetrados por crianças e
adolescentes nas escolas, que trazem transtornos psíquicos às vítimas na
maturidade.
Segundo
alguns criminologistas, os principais motivos para os crimes de homicídio são (sem
ordem de prioridade): cobiça, triângulo amoroso, ciúme, vingança, rivalidade, violência
doméstica, tráfico de drogas. A estes podem ser somados muitos outros.
Por
outro lado, pode-se admitir, sem ser um exagero, que os diversos tipos de
violência sofridos na infância e até mesmo adolescência (tanto no ambiente
familiar quanto nas escolas – os diversos tipos de bullying) podem predispor o
indivíduo a uma passividade extrema que beire uma psicopatologia, mesmo que ainda permaneça algum resquício de agressividade.
Além
disto, a agressividade pode se manifestar sob diversas formas: físicas, psicológicas,
econômico-financeiras, políticas.
Baños,
em seu livro, afirma que as nações possuem os mesmo vícios, fraquezas e
baixezas do ser humano, procurando associar os sete “Pecados Capitais” às
nações (avareza, gula, inveja, ira, luxúria, preguiça, soberba).
Ninguém
põe em dúvida o fato de que estes comportamentos agressivos seriam muito mais
disseminados nas sociedades caso não existissem previsões punitivas, aplicadas
através do sistema jurídico e prisional.
No
entanto, não existe, e dificilmente existirá, uma entidade internacional “isenta” e com tal poder coercitivo, para
punir as nações agressoras, porque as nações teriam que abrir mão de suas soberanias.
E,
também, tendo em vista as enormes diferenças culturais das sociedades ou
nações, com ideologias diferentes, as entidades internacionais teriam sérias
dificuldades em “sopesar” os problemas e as respectivas soluções atendendo os
diversos pontos de vista, sem antecipadamente assumir uma ideologia específica.
Por isso mesmo, em regra, na atualidade, a ideologia dos diversos organismos
internacionais está alinhada com determinados países, ou mais precisamente com
os países mais poderosos. E isto, por si só, já seria um problema.
Outrossim,
é uma verdade inquestionável que os homens, em regra, são mais agressivos que
as mulheres e são a grande maioria no sistema carcerário (em torno de 85% a
90%) e cometem em muito mais homicídios. Alguns cientistas realçam o papel da
testosterona, confirmada através de pesquisas em laboratórios.
Muitas
guerras foram deflagradas por indivíduos loucos e psicopatas, que souberam
muito bem tirar proveito e manipular os sentimentos e emoções de uma grande
maioria da população “crédula”, mas que incapaz de apaziguar os seus demônios
interiores, despreparada para lidar e com os próprios sentimentos.
Rivalidades
históricas também contribuíram para as guerras e muitas ainda revelam
animosidades históricas entre comunidades (nações) e poderão ser um estímulo
para reacender os pavios de pólvoras para novas guerras, como: japoneses versus
coreanos e chineses, germânicos versus eslavos, palestinos versus judeus,
indianos versus chineses e paquistaneses, coreanos do norte versus do sul, e
assim por diante. Muito embora, os árabes sunitas lutem entre si, é provável
que por trás dos conflitos entre xiitas (iranianos) e sunitas pela hegemonia
regional existam questões étnicas, pois os iranianos são indo-europeus, o que
não é bem muito bem aceito pelos árabes, para liderar o islamismo.
Para
Branco:
“A dissolução violenta da Jugoslávia não ocorreu
porque os povos que a constituíam tivessem tendência inata para a violência,
como muitos defenderam. Foram circunstâncias históricas com protagonistas
internos e externos que os
conduziram à violência. No que respeita aos atores internos não podíamos deixar
de sublinhar a irresponsabilidade dos líderes
locais e o evidente desprezo pelos interesses dos povos que diziam
representar” (negritos meu, p. 267).
A
relação entre líderes e liderados é mais complexa do que se imagina e a
democracia representativa não seria a
panaceia para resolver os males da guerra. A escalada de Hitler ao poder começou
com a expressiva votação do Partido Nazista (1930, 1932), consumada
posteriormente com o apoio dos Junkers prussianos, em 1933, com a queda da República
de Weimar, que se tratava de uma democracia representativa (Hawes). E Milosevic
também foi eleito, na antiga Jugoslávia. Vide tópico sobre a “Democracia Americana”.
Na
Itália, Berlusconi foi eleito porque representava o ideário do povo italiano;
era rico, fanfarrão e se apresentava
acompanhado por lindas mulheres. Trump admirado por sua fortuna, num país em que
a riqueza pessoal é demasiadamente valorizada,
independentemente do modo pelo qual foi adquirida, também soube
manipular o orgulho e as aspirações do povo americano, por ser muito
competitivo, megalomaníaco, audacioso, egoísta e com a promessa de tornar o
pais “Grande outra vez”.
Segundo
Boniface:
“Embora devamos aceitar a ideia de alargamento da
democracia a todo o planeta, não é certo que isto baste para assegurar a paz.
[...] seria contrário à realidade apresentar os ditadores como sendo por
natureza regimes agressivos para o exterior. É inegável que o são para as suas
próprias populações e para as democracias dos países pacíficos. O Chile de
Pinochet foi extremamente pacífico nas suas relações com os seus vizinhos e
nenhuma das várias ditaduras latino-americanas nos anos 1960 a 1980 se lançou
numa guerra (p.203).
Em período de tensões estratégicas, as opiniões
públicas não desempenham um papel apaziguador, pelo contrário contribuem para o
sentimento beligerante. São necessários líderes particularmente fortes e
carismáticos para imporem a via da sabedoria e da negociação. Esta é, por
definição, incerta e os seus efeitos nunca são imediatamente positivos (p. 204).
Ainda
teríamos de mencionar a influência dos media
que não são neutros, são sensacionalistas, divulgam ou não os fatos de acordo
com os seus interesses ou os distorcem convenientemente e no mais das vezes são
cooptados pelo poder.
Cito
Branco, sobre a Guerra nos Balcãs:
“O que se assistiu durante o conflito na antiga Jugoslávia
e que se tem vindo a agravar de uma forma dramática nas democracias ocidentais
é a criação de narrativas que se tornaram formas de controlo social, passadas
através de todos os meios que possam transmitir informação. Estas práticas
deixaram de ser monopólio de regimes ditatoriais; de um modo mais sutil e
elaborado, tornaram-se comuns nas democracias liberais corroendo a liberdade de
expressão e de pensamento. O pensamento fora do mainstream arrisca a marginalização, o rótulo de radical e em
última análise a ostracização” (p. 268). Continua em (4).
A
controvérsia sobre a agressividade, entre ser inata ou adquirida,
coloca em um lado psicanalistas, sociólogos e demais “cientistas” sociais, de outro
biólogos, neurocientistas e geneticistas e dúvidas nos criminologistas.
Contudo,
parece inegável que tanto os traumas, maus tratos e abusos na infância quanto o
meio social são razões para comportamentos muitos distorcidos. Hoje
neurocientistas e geneticistas já admitem que o meio ambiente (em sentido lato)
modula as sinapses, os neurônios e os genes, fato que já era perceptível (para
quem criou animais, por exemplo), muito embora alguns argumentem em sentido
contrário através de exceções.
Mas,
advirto: “As exceções não são regras”;
e, por isso mesmo, os resultados comportamentais destas interações são
imprevisíveis, em si mesmas, principalmente, quando entram em contato com os
vícios mais profundos da alma humana.
De
qualquer modo, mesmo com a minha ignorância sobre a matéria, me atrevo a citar
Almeida:
“O sistema vegetativo prepara o físico e a mente do
homem para a agressão. As posturas
características e as alterações orgânicas que se verificam no comportamento
agressivo estão dependentes da atividade deste sistema autônomo” (negrito meu,
Almeida p. 58 em “A educação dos genes”).
“O comportamento do homem é o resultado de uma
interação variável de fatores genéticos e ambientais. Existe na espécie humana
um comportamento instintivo, que é aquele que depende inteiramente dos genes e
não resulta da aprendizagem” (p. 119).
“No desenvolvimento das sinapses podem con siderar-se
três estágios ontogénicos. No primeiro dá-se a sua constituição no ser em
desenvolvimento. Depois, em fases precoces do desenvolvimento existe uma
validação e a modelação de novas sinapses por estímulos ambientais apropriados.
“Os fatores biológicos, que no fundo constituem à
constituição genética, vão interagir com os fatores sociais para caracterizar o
comportamento dito normal ou patológico”
“Os fatores ambientais modulam frequentemente a
expressão dos genes. A aprendizagem altera as conexões sinápticas, a libertação
de neuro- transmissores proteicos, cuja formação é geneticamente determinada, e
até a arquitetura da estrutura cerebral. Apesar de uma pessoa se individualizar
pela sua constituição genética e também pela estrutura cerebral, a
personalidade forma-se ou pode modificar-se parcialmente, com base nas
experiências vividas (pgs 121/2, em “A educação dos genes”).
“Tal como existem genes moduladores dos efeitos
ambientais, que inibem ou promovem certas influências do ambiente, também se
verifica uma interferência positiva ou negativa do ambiente no efeito dos
genes” (idem, p.124). Nota (5).
E
o que seriam todas as experiências vividas (da vida)? Será que poderíamos
incluir nestas os traumas da infância e adolescência e o ambiente social?
Considerando
todas estas complexas interações, a conclusão que podemos chegar é que não
existe um resultado previsível em relação ao comportamento do ser humano e os
estímulos sociais (fatores ambientais), necessariamente, não eliminarão, por
completo, a “pulsão” para a agressão.
Mas,
se é verdade que a educação, o meio ambiente e as experiências da vida moldam
as sinapses e os DNAs (e não sabemos em que grau), por fim o comportamento
humano, as instituições das sociedades ao longo da história não têm sido aptas
(pelo contrário) para acalmar e não despertar os demônios que se encontram em
nós: egoísmo, vaidade, luxúria, vingança, ganância, ódio, medo, são as matérias
primas sobre as quais trabalharão os líderes e psicopatas através de ideologias
racistas, de concorrência exacerbada, nacionalismo, xenofobismo, chauvinismo,
etc.
Se
adotarmos esta perspectiva, ou melhor,
esta constatação científica, podemos concluir que os conflitos não darão
tréguas.
E a
história não deixa por menos porque nos legou tensões entre os povos que
permanecem e até o momento se tornaram inconciliáveis. Os momentos históricos,
as rivalidades, se perpetuaram porque se
cristalizaram e impregnaram as mentes de diversos povos, e passaram para
gerações seguintes através das tradições orais, da literatura, da arte, da
cultura, do culto aos monumentos que lhes dão significado simbólico de pertença
cultural e grupal, do orgulho dos seus antepassados, enfim de suas próprias
histórias, contadas e repetidas.
Conforme
esclarece Friedman, sobre as tensões na Europa:
“Uma região fronteiriça demora muito a desaparecer.
Este é o problema fundamental da União Europeia. Podemos tentar fingir que a
esquecemos. Podemos esquecer, podemos tentar esquecer, mas a memória, o medo e
o rancor nunca desaparecem por completo. E quando as situações ficam difíceis [...],
as memórias surgem, juntamente com o medo e o rancor. Os europeus pensam que
isso não poderá voltar a acontecer. Tentam
esquecer a Jugoslávia e o Cáucaso. Ignoram a Ucrânia. Mas os velhos hábitos são
difíceis de superar (p. 199).
“Cada região
vive uma realidade diferente, e as diferenças são inconciliáveis” (p. 372)
Por
outro lado, os líderes sabem como manipular as fraquezas e vícios humanos e a
história (inclusive nos tempos atuais) nos dá mostra disto.
“Vaidade,
vaidade, tudo é vaidade” (Eclesiastes).
NOTAS (ANEXO)
(1).
Em dois documentários levados ao ar pelo
“History Channel Lineup” cientistas de diversos países concluíram que houve uma
hibridação (miscigenação) entre sapiens e Neandertais, em torno de 60.000 a.c.
e que, coletivamente, 30% do seus genoma pode ser encontrado em nós, com
exclusão dos africanos, como nos cabelos e pele, sendo o gene BNC2, um traço
herdado, responsável pela pigmentação da pele.
Para
a sua extinção, que ainda continua um mistério, cientistas levantaram a
hipótese que uma erupção do Campi Flegrei, um super-vulcão, situado na
província de Nápoles, cujos gazes tóxicos atingiram da Rússia à Líbia, Oriente
Médio, Ásia Central e o leste e sul europeu, locais mais prováveis onde viviam
os Neandertais. A luz solar desapareceu por meses ou anos, impossibilitando a
sobrevivência. Os humanos atuais estavam mais espalhados pelo globo. Sua última
erupção devastadora ocorreu há 40.000 anos (uma das maiores de todos os
tempos), época que coincide com a extinção dos Neandertais. Com esta erupção os
últimos vestígios dos Neandertais (provavelmente um clã) situavam-se nas
cavernas de Gibraltar e acontecimentos fortuitos ou catastróficos os
extinguiram (“O último Neandertal” e “Neandertal apocalipse”, em History
Channel Lineup, 16.09.2020 e “Supervulcão associado com a extinção dos
Neandertais mostra sinais de vida”, em www.megacuriosos.com.br > geologia).
(1B).
Convém salientar certas passagens de Darwin:
“Nas
nações civilizadas, quando se trata de um nível avançado de moralidade, e de um
numero de Homens suficientes bons, a seleção natural tem aparentemente pouca
influência; ainda que os instintos sociais fundamentais tenham sido
originalmente adquiridos por esta via (p. 161).
A
crença de que o maravilhoso progresso dos Estados Unidos, assim como o do
caráter do seu povo, são o resultado do seu povo tem aparentemente uma grande
parte de verdade; porque os himens mais enérgicos, impacientes e corajosos de
toda a parte da Europa emigraram [...] para este grande país, onde tiveram mais
sucesso (p.164).
Na
há dúvida de que o Homem, como qualquer outro animal, progrediu e chegou à sua
elevada condição atual, graças à luta pela sobrevivência [...]; e, se vai
continuar a progredir, é, portando de recear que tenha de continuar a estar
sujeito a uma luta severa pela sobrevivência. Caso contrário, acabaria por
sucumbir à indolência, e os homens mais dotados não teriam mais sucesso no
combate da vida que os menos dotados. [...] Além disso, a competição deveria
estar acessível a todos os homens; e não deveríamos, pelas leis e pelos
costumes, os mais capazes de ter mais sucesso e de criar um maior número de
descendentes. Mas, por mais importante que tenha sido, e que ainda seja, a luta
pela sobrevivência, há, contudo, no que diz respeito à componente mais elevada
da natureza humana, outros fatores mais importantes: as qualidades morais
progridem, direta ou indiretamente, muito mais aos efeitos do hábito, às
capacidades de raciocínio, à instrução e à religião, etc, do que graças à
seleção natural; embora os instintos sociais dependam, com toda a certeza,
deste último fator, e sejam eles quem fornece as bases necessárias para o
desenvolvimento do sentido moral” (p. 636).
(2).“Estivesse
a sua mente equipada com apenas mais uma dimensão intelectual – ainda que fosse
já, sem dúvida, uma mente sofisticada – e talvez Clausewitz tivesse conseguindo
compreender que a guerra envolve muito mais que a política: é sempre uma
expressão de cultura, frequentemente um determinante de modelos culturais e, em
algumas sociedades. A própria cultura” (p. 32).
“Este rito de passagem (o autor se refere a
passagem para os regimentos) tornou-se um importante elemento cultural na vida
europeia, uma experiência comum a quase todos jovens europeus do sexo masculino
,e, graças à sua universalidade, à pronta aceitação pelos eleitorados como uma
norma social e à incontornável militarização da sociedade, foi também mais uma
validação da máxima de Clausewitz de que a guerra era a continuação da
atividade política” (p. 43).
“O
mais importante destes desenvolvimentos foi a proliferação do regimentalismo em
que Clausewitz foi criado” (p. 42).
“A
política é contudo praticada para servir a cultura, e os polinésios, no seu
mundo alargado ...” (p. 51).
“Clausewitz
tinha, por certo, conhecimentos da Batalha das Pirâmides e muito provavelmente
também do massacre do Cairo. Estes acontecimentos deveriam ter sido para ele
indicadores de que a cultura é uma força tão poderosa quanto a política na
escolha dos meios militares e que, muitas vezes, prevalece sobre a lógica
política ou militar. [...] Moltke testemunharia o culminar do papel de Muhammed
Ali como agente do poder otomano nas velhas terras mamelucas, numa sucessão de
eventos que demonstrara quão mais persistente é a cultura do que a decisão
política, enquanto fator determinante das questões militares” (P. 66).
“[...]
pois o colapso do império turco em 1918 coincidiu, claro, com o colapso do seu
próprio império e exatamente pelas mesmas razões: escolha deliberada da guerra
para fins políticos errados. Os <<jovens turcos>> [...[ foram para
a guerra do lado da Alemanha porque acreditavam que isso contribuiria para
fortalecer a Turquia. A Alemanha partira para a guerra porque acreditava que
fazê-lo era por si só um meio de se fortalecer” (p. 68).
(3).“O
cérebro do adolescente é diferente do cérebro de um adulto. Os adultos usam o
córtex cerebral para processar a informação. Um córtex frontal ativo é sinal de
maturidade emocional e inteligência.
Os adolescentes
utilizam
uma parte mais antiga do cérebro – a amígdala – para processar a informação. A
amígdala, uma pequena região do sistema límbico, foi uma das primeiras
estruturas a desenvolver-se à medida que o nosso cérebro evoluiu. É onde estão
as reações instintivas, como a raiva e o medo. Quando estimulada eletricamente
os animais respondem com agressão. Caso a amígdala seja removida os animais
ficam muito mansos e não mais respondem a coisas que lhe teriam estimulado uma
resposta agressiva anteriormente. [...] As reações instintivas da amígdala são
suavizadas pelo córtex frontal, onde residem o planeamento, a razão e o julgamento
moral (Carvalho, p. 136).
Os
psicopatas (sociopatas) “Conseguem manipular, acalmar e controlar os outros
facilmente. São pessoas extremamente egocêntricas. [...] Não têm o que
geralmente se designa como empatia. [...] A verdade é que não se sabe se os
psicopatas nascem assim (p. 288).
A
investigação prova que existe uma base biológica para o comportamento do
sociopata. O seu estado é o resultado de um distúrbio específico do cérebro
(Carvalho, p. 289). “A intensidade de
cada uma destas conexões é afinada pela experiência e pela memória. Os
receptores numa sinapse podem mudar de forma após um surto de atividade”
(Carvalho, p. 128).
(4). “Com estas narrativas procura-se vender
às opiniões públicas como elas devem ver os acontecimentos e simultaneamente
condicionar as suas opiniões, numa mistura de operações psicológicas,
propaganda e relações públicas mais recentemente embrulhadas num conceito do strategic communications. Trata-se de
moldar atitudes e comportamentos recorrendo a um conjunto articulado de
mensagens e temas subordinadas a agendas pré-definidas. Falamos da propaganda
disfarçada de notícias. Foi exatamente isso que se ensaiou no conflito da
antiga Jugoslávia e que tem sido posto em prática de forma sistemática e mais
articulada em conflitos posteriores. Foi desse modo que as opiniões públicas e
outros atores com maiores responsabilidades políticas e sociais “compraram” sem
questionar os acontecimentos ocorridos em “Srebrenica”, os bombardeamentos de
Saravejo, o bombardeamento da Jugoslávia em 1999e, mais recentemente, numa
escala maior a “necessidade” de invadir o Iraque, entre outros casos” (Branco, p.
268/9).
(5).“O
comportamento da espécie humana tem muito a ver com a motivação e esta relaciona-se com as emoções. Por outras palavras,
o valor emocional de qualquer estímulo é avaliado pelo sistema nervoso central e neste especialmente pelo córtex cerebral. A apreciação do
estímulo vai ter como consequência a gênese de uma experiência interna, na qual
participam o sistema nervoso autônomo,
ou vegetativo, e também o sistema endócrino. Essa experiência
interna de cariz emocional vai então dar origem a um comportamento, que resulta
da relação emotiva entre a natureza do indivíduo e o seu meio ambiente. A
natureza do indivíduo, ou seja, a sua maneira de ser, revelada na personalidade
e temperamento, resulta da interação entre duas componentes, a carga genética e a representação que em
si foram criando todas as experiências da
vida.
O
comportamento exige motivação. Existem motivações
primárias, que se associam à manutenção de um estado de equilíbrio no
organismo, aquilo que se denomina homeostase.
[...] É a motivação de sobrevivência
e prazer (Almeida, p. 255, em “Introdução à Neurociência” ).
Existem
comportamentos que resultam de motivações diferentes, bastante mais elaboradas.
Estas associam-se, por exemplo, a fatores emotivos ou culturais mas continuam
no entanto sempre envolvidas num jogo permanente entre fenômenos de punição e
recompensa (idem, p. 257).
A
modulação do sistema nervoso autônomo, ou vegetativo, é assumida pelo hipotálamo, que constitui o seu
principal centro coordenador no sistema nervoso central (p. 337).
“Estuda-se
desde há anos, com muito interesse, a denominada doença do stresse pós-traumático. Esta situação patológica começou
por ser investigada em militares e em vítimas de conflitos bélicos. Passou
depois a estudar-se em outras situações geradoras de grande tensão psíquica,
como os acidentes de viação, a violência no seio da sociedade e os abusos
sexuais. Podem sintetizar-se as suas manifestações principais em perturbações
da memória, pesadelos, preocupação exagerada, falta de capacidade de
concentração e inaptidão social (Almeida, p. 347, em “Introdução ...” ).
Mas
não é só:
“A
interação de particularidades psicológicas como a energia psíquica, a
capacidade de trabalho, o envolvimento intelectual, a sensibilidade, a
emotividade, a agressividade, a
passividade ou a tolerância, o caráter ou a sua resposta à mudança, ou ao
stresse, constituem de fato a personalidade de um indivíduo. É no fundo um
conjunto de forças intrínsecas que são interdependentes e se mantêm num equilíbrio
instável, e por outro das experiências da
vida” (idem, p. 125/6).
“A
natureza do indivíduo, ou seja, a sua maneira de ser, revelada na personalidade
e temperamento, resulta da interação entre duas componentes, a carga genética e
a representação que em si foram criando todas as experiências da vida” (idem, p. 255).
“A
intensidade de cada uma destas conexões é afinada pela experiência e pela
memória. Os receptores numa sinapse podem mudar de forma após um surto de
atividade” (Carvalho, p. 128).
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Registro: IGAC Autores - Lisboa, em 31/07/2020
Nº Ref: SIIGAC/2020/3338