“SAPIENS”
(De YUVAL NOAH HARARI)
Hoje já não resta qualquer segredo, nem causa qualquer
surpresa, que vivemos sob a ideologia do “gênero”, mesmo, e principalmente, no
meio acadêmico.
Conforme se deu no passado com a cultura do “macho”, aquele
que não adere a esta ideologia é olhado com desdém e marginalizado. Os que
expressam opiniões contrárias à ditadura do “politicamente correto” são
execrados, até mesmo no mundo científico. Pasmem!
A intolerância também é um dos aspectos da agressividade.
Poderíamos constatar não só a irracionalidade humana nos meios considerados
mais racionais, mas também a predisposição para impor suas ideias, recorrendo não
só ao medo, às ameaças e à discriminação. Remeto o leitor para o tópico “A
questão dos estereótipos”, com o comentário de Paglia sobre o feminismo atual.
Segundo o “Dicionário Básico de Filosofia”, de Hilton
Japiassú e Danilo Marcondes, me reporto ao conceito de ideologia, servindo-me da
concepção marxista:
“Posteriormente, num sentido mais
amplo, passou a significar um conjunto de ideias e valores que refletem uma
determinada “visão do mundo”, orientando uma forma de ação, sobretudo uma
prática política”.
E fazendo os devidos ajustes, excluindo as palavras
superestrutura, classe dominante e econômicas, passamos a ter uma ideia do que
possa significar uma ideologia, para o caso em questão:
“A ideologia é assim um fenômeno de
superestrutura, uma forma de pensamento opaco, que, por não revelar as causas
reais de certos valores, concepções e práticas e práticas sociais que são
materiais (ou seja, econômicas),
contribui para a aceitação e reprodução, representando um “mundo invertido” e servindo aos interesses da classe dominante que aparecem como se fossem interesses da sociedade como um todo. Nesse sentido a
ideologia se opõe à ciência e ao
pensamento crítico”.
Pois bem, é neste sentido que gostaria de utilizar o conceito
de ideologia: um ponto de vista, uma ficção, uma concepção de uma prática
social que não traz qualquer conexão com uma verdade científica, escamoteando
interesses de determinados grupos “como se fosse interesses da sociedade como
um todo”.
Abordando questões relativas ao “Sexo e gênero”, Yuval Noah
Harari, em “Sapiens”, nos coloca alguns pontos interessantes, ao questionar
algumas teorias do porquê o patriarcado “ter sido a norma em quase todas as
sociedades agrícolas e industriais” (p. 210), concluindo:
“É muito mais provável que, embora o
conceito de homem e mulher varie entre as culturas, exista alguma razão
biológica universal para quase todas as culturas valorizarem a masculinidade em
detrimento da feminilidade. Não sabemos qual é essa razão. Há muitas teorias,
nenhuma delas convincente” (p. 215).
“Quem sabe os machos da espécie Homo Sapiens não são caracterizados por
força física, agressividade e competitividade, e sim por habilidades sociais
superiores e uma tendência maior em cooperar? Simplesmente não sabemos” (p.
218).
“Se, como hoje se vem demonstrando de
maneira tão clara, o sistema patriarcal se baseou em mitos infundados e não em
fatos biológicos, o que explica a universalidade e a estabilidade desse sistema?
(p. 219).
Em uma outra parte do livro o autor explica como um
acontecimento ocasional, ou mesmo histórico fortuito, exemplificando com a
discriminação dos negros, pode levar a “círculo vicioso”, de retroalimentação
de causa e efeito, que ratifica e justifica, através de arranjos teóricos, a
causa inicial, criando novas barreiras e preconceitos que se retroalimentam
(particularmente, o tópico “Pureza da América”, p. 192).
Até aqui, tudo muito certo e perfeito. Mas é exatamente ao
questionar e pôr em cheque os argumentos sobre o poder dos músculos, da agressividade
e dos genes patriarcais, que justificariam a “superioridade” do homem na
sociedade, que questiono o autor.
Em primeiro lugar, como bem se sabe, quando se trata de
questões relativas à sociedade, à história e ao comportamento humano não existe
uma causa ou fator único que explique o fenômeno em questão:
“… e, por outro lado, neste como na
generalidade dos fenômenos históricos complexos, temos que desconfiar da
capacidade explicativa do fator único”
(Nos tempos da escravatura, em “VISÃO História”, p. 29).
Ou seja, para uma abordagem mais realista do problema o
assunto não deveria ser tratado por tópicos isolados, de forma individual, por
ser por demais complexo. O autor escolheu as seguintes teorias para questionar sobre
o por que da superioridade masculina nas sociedades: o poder dos músculos, a
agressividade e os genes patriarcais.
Tratada isoladamente cada teoria (ou argumento) perde força
em poder argumentativo. É bastante provável que se estas teorias fossem abordadas
em suas relações dialéticas, por ambos os lados, trariam visões diferentes sobre
a questão.
Evidentemente, trata-se de uma questão didática por que é
muito difícil aplicar o método dialéctico e eu também não pretendo utilizar
este método de análise, apenas mencionar em alguns momentos. Entretanto,
trata-se de uma deficiência que o autor também não superou, NOTA (1).
É bem verdade que o autor está questionando as teorias
expostas, também individualmente. Mas, não deixa de ser uma grande limitação. Se
tivesse integrado dialecticamente as teorias postas em questão teria uma outra
visão do problema.
Por outro, lado, como veremos, e isto é o que importa, os
seus argumentos também apresentam conclusões questionáveis, como: a questão de
as conclusões sobre a homossexualidade na Grécia Antiga, o princípio “a biologia
permite a cultura proíbe”, o enaltecimento do espírito cooperativo das fêmeas e
os estereótipos, a importância dos comandantes nos campos de batalha, a omissão
ao problema da liderança, sem falar na falta da exploração mais aprofundada da
questão da agressividade.
Mais importante, ainda, é o fato de não levar em consideração
em suas análises e argumentos a importância que as incursões e as guerras
tiveram na pré-história e na história da humanidade (primitivas e modernas).
Ou seja: as suas causas e consequências, os papéis que cabiam
aos sexos, a proteção às crianças (em regra), os status dos guerreiros, os sacrifícios e as suas razões, os
requintes de crueldade em algumas sociedades primitivas (canibalismo, tortura, esquartejamento-esfolamento),
o tratamento dado aos vencidos, os raptos de mulheres, a importância da
evolução da tecnologia das armas e suas influências na própria guerra, os mitos
e valores, enfim a importância da cultura.
Pode-se observar que a abrangência do tema é enorme e as
conclusões as mais diversas. Um tema que queiramos ou não está associado a questão
da agressividade e violência do ser humano.
Os comentários que seguem baseiam-se muito no livro do
historiador inglês John Keegan.
AS GUERRAS NA HISTÓRIA
DA HUMANIDADE
A questão sobre a “natureza” agressiva e violenta do ser humano
e, consequentemente, do porquê da guerra divide os cientistas e não tem uma
solução ao nível científico. Biologistas, evolucionistas, antropólogos, etólogos,
psicólogos, psicanalistas, historiadores não chegaram a uma conclusão, nem
mesmo entre si, dentro de um mesmo ramo. Daí as diversas correntes e não raro o
extremismo: “determinismo biológico versus determinismo cultural”.
E talvez, não por acaso, ou dedicação científica, encontramos
algumas tendências, que vai ao encontro de algumas questões em discussão
atualmente sobre sexo e gênero. Sobre o papel da ideologia nas ciências, principalmente
“sociais”, já fiz comentários neste site.
Cito Keegan:
“Para as feministas, os educadores progressistas e os relativistas
moralistas, Coming of Age in Samoa
continua a ser uma obra sagrada, quer estejam conscientes disto ou não. O
determinismo cultural teve também uma profunda influência nos colegas
antropólogos de Boas no mundo anglo-saxônico, mas por razão diferente” (p. 128).
Considerando e respeitando as minhas reconhecidas limitações,
O gene egoísta, de Richard Dawking,
também não nos trouxe uma grande contribuição. No campo da biologia ficou
comprovado (até quando?) que o sistema límbico “aumenta as emoções reflexas
reptilianas e é importante na gênese dos comportamentos sociais” (Mlodinow),
que respondem pelo medo, à aversão e ameaça e também pela defesa.
O neocórtex é responsável pelos “comportamentos superiores (atitudes), incluindo as
funções de aprendizagem e conhecimento, fazem intervir um nível de organização superior
aos instintos e afetos”, onde “fazemos os nossos juízos de valores sociais, ponderamos
opções ações, planeamos o futuro e avaliamos nosso comportamento” (Carvalho). Segundo,
ainda, Carvalho é amígdala, localizada no sistema límbico responde pelas reações
mais instintivas, como medo e raiva.
Por isto, os “lóbulos frontais” (cérebro superior) parecem
ser responsáveis pela regulação e uso do comportamento agressivo” (Keegan, p.
120). Dessa forma, pode-se concluir que estejam mais sujeitos às influências
culturais, do que as do cérebro inferior (cérebro reptiliano e sistema
límbico). Mas a hormona testosterona, conforme
experiências desenvolvidas em laboratórios, também é responsável pelo nível de
agressividade e, entretanto, não sabemos como todas estas partes se conectam.
Mas, importante salientar as pesquisas sobre a oxitocina, a sua liberação nas ovelhas e
nas mães humanas (friso) e o comportamento
dos arganazes (Mlodinow, p.112/4). Nota (2).
Para embaralhar ainda mais, Gibbon (1737/1794) nos traz um
ensaio bastante interessante sobre “o
clima, às maneiras e às instituições que fizeram dos selvagens bárbaros da
Germânia inimigos tão formidáveis do poderio romano” (p. 109). E, como se pode
ver, o assunto não é recente:
“É difícil determinar e fácil
exagerar a influência do clima da Germânia antigo no espírito e no corpo dos
nativos. […] Podemos afirmar com segurança que o cortante ar da Germânia formou
os imensos e másculos membros dos nativos (cuja estatura era, em geral,
superior à dos povos do sul), deu-lhes uma espécie de força mais adaptada a
violentas erupções do que ao trabalho paciente, e inspirou-lhes a bravura
constitutiva de seu caráter, como resultado de seus nervos e espíritos” (p. 110/1).
Outrossim a questão da agressividade (violência) ser “natural”
ou se é desencadeada por “fatores materiais” é até certo ponto, me parece, de
pouca relevância prática, tratando-se mais de preciosismo científico. Por que
existirão sempre fatores, sejam culturais, psíquicos ou psíquicos-culturais
(propriedade privada, riqueza, culto aos guerreiros, preconceitos, traumas,
sentimentos de superioridade, vingança, inveja, ciúmes, vaidades), biológicos (medo, defesa, fome, prevenção) e
objetivamente materiais (geográficos, climatérios, demográficos, escassez de
recursos), que se interlaçam, desencadeiam e motivam-justificam a violência e a
guerra, levando a questão a um círculo vicioso. Sobre a importância da geografia na cultura e na guerra (estratégia, geopolítica) ver também Marshall, Mason e Bandeira.
Keegan afirma, quem sabe em causa própria:
“Talvez os historiadores militares fossem melhores
historiadores se parassem para refletir sobre o que predispõe o homem a matar o
outro” (p. 117).
Segundo Keegan:
“A observação
é que a guerra é um fenômeno universal, praticado em todas as épocas e lugares
desde o fim da última era glaciar:” (p. 78).
E reproduzo os argumentos de Harari, principalmente do tópico
relacionado a agressão:
“Estudos recentes dos sistemas
hormonal e cognitivo de homens e mulheres fortalecem a hipótese de que os
homens de fato têm tendências mais agressivas e violentas e, portanto, são, no
geral, mais adequados para servirem como soldados comuns. Mas, considerando que
todos os soldados são homens, devemos concluir que aqueles que gerenciam a
guerra e colhem seus frutos também são homens? Isto não faz sentido. […] Assim
como uma força de trabalho formada apenas por negros pode ser controlada
exclusivamente por brancos, por que um corpo de soldados composto apenas por
homens não poderia ser controlado por uma liderança totalmente, ou pelo menos
em parte, feminina? De fato, em inúmeras sociedades ao
longo da história, os oficiais de mais alto posto não começaram como soldados”
(ps 213/4).
“Para gerenciar uma guerra,
certamente é preciso vigor, mas não tanto força física ou agressividade” (p.
215).
“Por conseguinte, um homem bruto e
agressivo muitas vezes é a pior escolha para coordenar uma guerra. Uma opção
muito melhor é uma pessoa colaborativa que saiba apaziguar, como manipular e
como ver as coisas de diferentes perspectivas” (p. 215).
E este autor cita exemplos de comandantes que não foram
soldados, como Wellington, Augusto e alguns comandantes franceses. Se estes
exemplos servem para contestar a agressividade pode-se citar diversos outros em
que os comandantes eram respeitados por estarem presentes nos campos de batalha
e por suas capacidades guerreiras e militares, principalmente na antiguidade,
nas guerras de corpo a corpo. Os exemplos do autor ficam muito aquém dos muitos
generais e comandantes que se arriscavam e lutavam nos campos de batalha.
Vamos por etapas. Portanto, até prova em contrário, as
exceções não são regras. Augusto era um político, não um comandante militar,
coisa bem diferente. Até mesmo as mulheres que foram líderes políticas se
cercaram de comandantes militares homens. Um bom exemplo seria Golda Meir.
É aceito cientificamente que embora a testosterona não seja isolada e unicamente responsável pela
agressividade ela é um fator facilitador. O fato de Alexandre ter tido as suas
opções sexuais não excluiu a sua testosterona e, consequentemente, a agressividade
e também o seu gênio militar.
Na antiguidade não era raro castrar os homens por motivos
bélicos. A perda da capacidade de produzir o hormônio testosterona reduzia a
capacidade muscular e a disposição para liderar rebeliões.
Na página 210 o autor fala das mulheres que chegaram a uma
posição alfa, citando entre elas Cleópatra. Mas esta imperatriz egípcia não me
parece ser um grande exemplo, para quem deseja questionar o papel dos sexos, por
que não deixou de manipular o sexo, e
não o gênero, para seduzir Júlio César, posteriormente Marco Antônio, e se
insinuar novamente para Augusto, para se aliar a Roma, com vistas a permanecer
no poder.
E se o autor cita os seus esparsos exemplos podemos mencionar
diversos líderes guerreiros na história da humanidade que até hoje são relembrados
pela bravura, liderança, gênio militar, começando com: Ciro II (rei persa morto
em batalha), Aquiles, Leônidas (rei espartano que morreu em combate com os
persas), Alexandre, Aníbal (família Barca, pai Amilcar morto em guerra e irmão Astrúbal), Cipião Africano, que derrotou Anibla na Batalha de Zama (Pai e tio mortos em campanhas), Júlio César, diversos imperadores romanos, Átlia, Saladino,
Genhis Khan, Napoleão, Shaka (para citarmos apenas uma pequeníssima quantidade,
com a imperdoável omissão dos orientais e muitos outros). E, ainda, o escravo Spartacus
que se levantou contra o Império Romano.
Os comentários do historiador Harari não deixam de ser uma “desfeita”
aos grandes comandantes da história que arriscaram e perderam suas vidas nos campos de
batalha, por motivos diversos.
Destaque-se ainda a importância dos guerreiros em outras
diversas sociedades: mamelucos, janízaros, samurais, cavaleiros medievais. Muitos
adquiriram bastante respeito, prestígio e poder em suas respectivas sociedades.
Muitas eram por excelência guerreiras, como: Esparta, Roma, Astecas, Maoris, vikings,
Ianomâmis, zulus.
E para aqueles que mencionam que muitos dos líderes foram loucos
e sanguinários, como Átila, Genghis Khan, Ivan (o Terrível), Shaka, Stalin, Pol
Pot, Mao Tsé-Tung e Hitler, é bom lembrar que não existem razões para supor que
as mulheres não foram cúmplices de muitas dessas atrocidades, incentivando e
compartilhando. Na Roma Imperial compartilhavam dos espetáculos dos gladiadores.
Com destaque para Heidegger, Hitler foi apoiado por homens
cultos, juristas e filósofos e também por mulheres que compartilhavam o êxtase das
vitórias, incentivando seus filhos a participarem das festividades atiçando as
bandeirinhas. Nota (3).
As sociedades primitivas e mais tradicionais eram por
excelência guerreiras, onde o combate corpo a corpo era fundamental e,
portanto, a força e a agressividade eram importantes. As armaduras eram pesadas
e requeriam robustez para carregá-las. Que se diga que a invenção do arco não
eliminou o combate corpo a corpo. Calcula-se que um guerreiro hoplita (grego) carregava de 30 a 40 kilos de equipamentos de combate, nunca inferior a 30 kilos, segundo diversas fontes. Somente o hóplon (escudo) pesava 7/8 kilos. O mesmo diga-se para os cavaleiros combatentes da Idade Média. (parte atualizada em janeiro/2020).
"A guerra, contudo, marcava profundamente o espírito de Roma, era a sua imagem, e isso bastava como argumento, (Varandas, pgs. 317).
Keegan não descarta a hipótese da agressividade dos povos pré-históricos,
com base nas escavações do sítio arqueológico 117, em Jebel Sahaba, embora
existam controvérsias entre os pesquisadores. Para o autor se assemelham a uma “incursão”
ou “devastação”, segundo a sua concepção sobre a guerra (organização militar
para a conquista e ocupação).
A muitos o que mais assombra não é propriamente a violência em
algumas situações, mas o extermínio, holocausto, a forma como ela se manifesta,
acompanhada de ódio, as razões e os rituais macabros que pretendem justificá-la.
Os primitivos ianomâmis, incrustados na floresta tropical são
extremamente ferozes e violentos com as mulheres (são espancadas e queimadas), suas
lutas não têm o objetivo de ocupação e as viúvas são distribuídas entre os
vitoriosos (Keegan, p. 135/9).
O destino dos guerreiros derrotados dependia da cultura, podendo
ser escravizados ou:
“Contudo, o plano de guerra maori era
comer o inimigo derrotado (com exceção das cabeça, que eram guardadas como
troféus)” (p. 151).
“Os astecas viam as coisas
diferentes: só pela satisfação constante das necessidades dos deuses podiam
travar a fúria divina” (p. 161).
Muitos acreditavam que comendo um importante guerreiro
inimigo adquiriam as suas virtudes. Os rituais de crueldade entre os astecas são
descritos por Keegan. Vale mencionar,
Nota (4).
Talvez, não por um simples acaso, a primeira divisão de
trabalho nas sociedades se deu entre os sexos e aos homens cabiam as tarefas
mais agressivas. Em todas sociedades antigas, inclusive as tribais, cabiam aos homens as atividades de defesa e guerra. A violência era a norma, os raptos de mulheres eram comuns, assim
como hoje são os estupros de mulheres. A falange grega era uma formação que privilegiava a luta corpo a corpo, com os que vinham atrás empurrando os da frente e substituindo-os pelas mortes e cansaços. Num momento posterior, mesmo nas batalhas navais a infantaria entrava em combate depois que as galés eram esporadas, conforme afirma Varandas nos comentários sobre guerras púnicas, entre romanos e cartagineses. Portanto, tudo indica que os homens estivessem mas familiarizados com a arte da guerra, em sentido lato. A arte da guerra não se aprende somente em salas de aula e esta sempre foi uma tradição masculina, desde tempos imemoriáveis. Entretanto, como em quase tudo na vida existem exceções, Varandas nos dá conta de uma "guerreira" da satrapia de Cária, de nome Artemísia, que comandou a sua frota, (pgs 153/4 e 205/6, atualizada).
E por isto, nas sociedades mais liberais e desenvolvidas, que
buscam os direitos iguais entre os sexos, existem leis que protegem as mulheres
das agressões dos homens. E o mesmo se diga em relação as crianças. Se não
existissem diferenças entre os sexos, apenas gênero, as mulheres não precisam
de leis que as protegem. Parece estranho, não? Mas não é. São leis que
asseguram a igualdade material para contrabalançar as diferenças que surgem da
igualdade formal.
A meu ver, o autor também distorce o problema da
agressividade, colocando a questão sobre embates individuais físicos. De uma
forma mais ampla, ser agressivo não significa ter que usar individualmente os
músculos, mas resolver através da violência (principalmente física) questões
que poderiam ser solucionadas de outra forma. E esta agressividade e violência podem
ser tanto individual como por liderança; daí por que os que estão no comando
podem ser extremamente agressivos e violentos, até mais que os subordinados. Neste
sentido, a agressividade pode ser considerada um viés, mais presente nos
homens (machos).
No tópico “O poder dos músculos” o autor se refere ao fato de
que no crime organizado o chefão não é necessariamente o mais forte. Ninguém
pode negar que o capo di tutti capi Lucky
Luciano, além de líder, era extremamente agressivo e violento, muito embora não
sujasse mais as suas mãos. Como diz o ditado: “quem faz a fama deita na cama”. E
todos conhecem a história da agressão do General Patton a um soldado que estava
em crise de medo no campo de batalha. E muitas histórias poderiam ser contadas
sobre a bravura de comandantes nos campos de batalha.
Considerando que o autor citou os chefões do crime
organizado, seria interessante averiguar por que as mulheres, com raríssimas
exceções, não foram chefes das atividades criminosas.
Através da história os guerreiros e os comandantes sempre foram
cultuados pela bravura e pela liderança nos combates, por que eram através
deles que se evitava cair no domínio dos inimigos, tornarem-se escravos
(homens, mulheres e crianças) e também se expandiam os impérios.
Outrossim, fica por conta do autor as conclusões sobre a
expressão de que os homens: “são, no geral, mais adequados para servirem como
soldados comuns” (p. 214). Se são mais adequados para servirem como soldado
comum, não significa que também não sejam para comandar. Um general pode ser
mais agressivo e violento que um soldado comum que esteja no combate, mesmo por
que muitos combatentes eram obrigados a combater.
As aptidões para comandar um exército necessariamente não se
confundem com a capacidade física para lutar, embora no passado os comandantes
também lutassem nos campos de batalha e fossem exemplos por tais feitos. Mas,
até prova em contrário, é necessita-se de um espírito agressivo, que mexa com o
elã, eleve a estima e enalteça o espírito guerreiro dos subordinados. Sem estes
atributos e mais alguns (confiança, lealdade, etc) se perde a guerra. Cito três
dos cinco imperadores romanos considerados por Maquiavel como os bons
imperadores que marcaram presença nos campos de batalha. Ver Nota (5).
Por outro lado, se não podemos concluir que não faz sentido que
os que “gerenciam e colhem os frutos sejam homens”, também não podemos dizer o
contrário, simplesmente por que não temos argumentos e fundamentos para tal.
Mas, aqui vai um consolo. Se as sociedades mais antigas
cultuavam demasiadamente os guerreiros, esta cultura trouxe estereótipos,
quanto a superioridade masculina em todos os aspectos da vida, que hoje já não
se justificam. Trata-se da questão da retroalimentação
que o autor muito bem colocou, conforme citado acima (Harari, p. 192). Ou
seja, em decorrência de um acontecimento ou fato histórico, que podem ser
ocasionais ou não, são estabelecidos padrões, ideologias, regras, estereótipos
e leis que justificam, consolidam e estimulam as diferenças iniciais.
Com o desenvolvimento da tecnologia militar, talvez as
mulheres, no futuro, possam também usufruir dos benefícios do culto aos
guerreiros e combatentes por que não precisarão lutar no campo de combate. Quem
sabe, as guerras poderão, em parte, ser comandadas de uma sala com ar condicionado,
cafezinhos e hambúrgueres e outras regalias. Provavelmente serão necessárias
novas habilidades, demandadas pela informática, onde o risco de morrer em
combate será inexistente. E aí não fará diferença ser homem ou mulher.
LIDERANÇA – APOLOGIAS ÀS
HABILIDADES SOCIAIS DAS FÊMEAS
As páginas 217/8 são destinadas a uma verdadeira apologia às
supostas virtudes e qualidades das fêmeas. Como se não bastassem as referências
aos bonobos, agora também as elefantas possuem estas qualidades cooperativas e
de liderança.
Permitam-me:
“Existem muitas espécies de animais,
como os elefantes e os bonobos, em que a dinâmica dependente entre e machos
competitivos resulta em uma sociedade
matriarcal. Como as fêmeas necessitam de ajuda externa, são
obrigadas a desenvolver suas habilidades sociais e aprender a apaziguar e
cooperar. Elas constroem redes sociais totalmente femininas que ajudam cada
um dos membros a criar seus filhos. Os machos, enquanto isso, passam o
tempo lutando e competindo. Suas habilidades e laços sociais permanecem
subdesenvolvidos.
Se isso é possível entre os bonobos e
os elefantes, por que não entre Homo
Sapiens. Os sapiens são animais relativamente fracos, cuja vantagem está em
sua capacidade de cooperar em grande escala. Nesse caso, deveríamos esperar que
as mulheres dependentes, mesmo que sejam dependentes de homens, usassem suas
capacidades sociais superiores para cooperar a fim de superar
estrategicamente e manipular homens agressivos, autônomos e agressivos” (grifos
meus, p.217/8).
Mas, o autor não tem a mesma certeza quanto a capacidade dos
machos (homens) em cooperar:
“Talvez as suposições comuns
estejam simplesmente erradas. Quem sabe os machos da espécie Homo Sapiens não são caracterizados
pela força física, agressividade e competitividade, e sim por habilidades
sociais superiores e uma tendência maior em cooperar? Simplesmente não sabemos”
(p. 218).
Ora, trata-se de uma suposição. Os elefantes e bonobos são
apenas um exemplo singular do que acontece no reino animal. Neste, conforme reconhece
o próprio o autor, em diversas passagens, esta não é a norma.
Parece não ter passado pela mente do autor a hipótese que a
cooperação não seja o fator tão decisivo para explicar esta questão e sim, uma
conjugação de diversas aptidões, dentre as quais a capacidade de liderar. E sobre esta questão sobre a
liderança também não existe consenso no meio científico e acadêmico.
De outra parte, a
cooperação não elimina a competição intragrupo, por liderança. E, como o
autor citou dois exemplos do reino animal, isto pode ser plenamente observado
em diversas espécies desse reino, principalmente quando predominam os machos. Conforme
já assinalei, existe uma enormidade de comportamentos do reino animal. Por
isto, não podemos simplesmente pinçar uma ou duas situações para servirem
de exemplo ou mesmo para justificar certas ações dos humanos. Os humanos são
simplesmente humanos.
Dependendo do momento histórico e levando em consideração as
condições de sobrevivência do grupo, as lideranças servem para mediar conflitos
no grupo, organizar a produção, conduzir deslocamentos para explorar regiões mais
férteis e benéficas (pré-história), organizar a defesa contra um ataque
inimigo, explorar alternativas, liderar uma guerra ou incursão, manter a coesão
(inclusive pelo uso da força). Isto não invalida as pesquisas sobre o reino
animal, a genética e a neurologia que podem ser importantes para o ser humano.
“As sociedades centradas no grupo de
caçadores podem, na verdade, oscilar de forma ambivalente entre a cooperação e
o conflito” (Keegan p, 168).
Não parece ser por acaso que a ideologia que se adapta e rege
o sistema capitalista de produção é a da competição e do individualismo, embora
outras vertentes tenham surgido (Japão), mas que não colocou em cheque esta primeira
concepção.
Para observar isto, basta lembrar a concepção ideológica da
“mão invisível” do economista e também filósofo Adam Smith que até hoje
prevalece nos meios acadêmicos e principalmente nas mídias e nos países de
tradição anglo-saxã (sobre o assunto consultar o artigo “Direito, economia e
mercados racionais”, neste site, julho de 2014).
Conforme o autor (Harari):
“Em 1776, o economista escocês Adam
Smith publicou A riqueza das nações,
provavelmente o manifesto econômico mais importante de todos os tempos.
Mas a afirmação de Smith de que o
desejo humano egoísta de aumentar o lucro privado é a base pra a riqueza
coletiva é uma das ideias mais revolucionárias na história humana –
revolucionária não só de uma perspectiva econômica como também de uma
perspectiva moral e política” (p. 416/7).
Vale lembrar que a líder inglesa Margaret Thatcher,
juntamente com Ronald Reagan, reafirmou este consenso ao relançar os
fundamentos do neoliberalismo.
Se olharmos para alguns dos grandes líderes mundiais mais recentes
observamos que o caráter conciliador não é (foi) o traço marcante.
Churchill era xenófobo, racista (tinha verdadeiro desprezo pelos indianos) e belicista, defendia o império inglês
acima de qualquer coisa e embora não fosse um comandante militar estava
envolvido até os dentes na 2ª Grande Guerra (NOTA 6). Bismark, De Gaulle, Thatcher,
Reagan e Putin (ex-KGB), todos belicistas e, provavelmente, grandes negociadores. O exemplo mais recente é Trump que
adora o conflito, é extremamente competitivo e individualista, parte sempre
para o conflito e a agressão verbal. Até acredito que pode ser desequilibrado e
sociopata, mas gostemos ou não está no comando da nação mais poderosa do mundo.
Mas, me pergunto: qual o líder normal?
O REINO ANIMAL
Até o momento as comparações com o reino animal não trouxeram
resultados significativos e dificilmente resolverá o dilema, muito embora as
pesquisas continuem.
No reino animal não
existe gênero e, por conseguinte, não
há discussões a este respeito. Por outro lado, existe uma variedade enorme
de comportamentos nas diferentes espécies, muitos deles em oposição. E o simples
fato dos chimpanzés serem a espécie mais próxima do ser humano não é suficiente
para fazer generalizações e comparações quanto ao comportamento e organização
social. E na espécie Sapiens encontramos uma diversidade enorme de
comportamentos, desde os mais elementares, que são regulados por diferentes
culturas, não comuns em outras espécies.
Entre os chimpanzés-comuns e os bonobos existem diferenças
substanciais e entre os humanos mais ainda. Nos comuns os machos lideram,
enquanto entre os bonobos o sistema é matrilinear. Têm tamanhos e pesos
diferentes e em ambos, em regra, os machos são maiores. Ambos são considerados
“promíscuos”, mas os bonobos são sobretudo bissexuais.
O fato de os bonobos terem um sistema matriarcal é exceção e
não a regra entre os macacos. Entretanto, no reino animal existem outras
espécies onde o sistema matriarcal também predomina, o que demonstra que este
sistema não existe apenas nas espécies mais próximas do humano.
E mais:
“[…] parece ser bem mais importante
para esta questão não a quantidade de genes que são diferentes mas quais os
genes que são diferentes” (Há supremacia negra no desporto?).
O sistema matriarcal também existe (ou existiu) entre os
humanos, muito embora não seja a regra. E não existem provas que este sistema
matriarcal entre os humanos era mais desenvolvido (ou evoluído) que os diversos
sistemas patriarcais. Disto resulta, que nada podemos concluir sobre o sistema
matriarcal ser o mais evoluído, pelo simples fato de os bonobos serem os mais
próximos do humano.
No reino animal, principalmente entre os mamíferos o sistema
matriarcaexceção. As fêmeas predominam entre as hienas, sendo, inclusive,
maiores e mais pesadas que os machos, geram hormônios
masculinos, fato que torna “elevada a agressividade entre as crias”
(Wikipédia).
Nos mamíferos, via de regra, durante a época do acasalamento,
os machos lutam entre si para determinar a liderança e com isto estabelecer a
exclusividade em copular com as fêmeas e transmitir os genes. As fêmeas esperam
o desfecho da luta e se submetem à relação sexual com o vencedor.
No reino animal, as hienas-malhadas fêmeas e machos possuem
genitais idênticos, têm ereções e “por um
desvio químico no seu sistema reprodutivo as hienas-fêmeas tem um elevado nível
de testosterona, que permitem ser mais agressivas” e, por isto, são líderes
do grupo (em National Geografic Wild, “Weirdest Animal Taboo T1-EP2”).
Segundo ainda a mesma fonte, “Os animais já fazem negócios em troca de sexo”. Entre os chimpanzés
da África Central “Aparentemente as
fêmeas têm sexo em troca de carne e se lembram do macho que deu a carne”.
Os leões embora sejam preguiçosos participem da caça quando
as presas são maiores (em virtude de sua força e peso) e somente eles são capazes
de identificar a hiena-fêmea líder, persegui-la e matá-la, desestruturando o
grupo, que é uma ameaça à alimentação do grupo de leões.
Os arganazes da montanha, ao contrário dos arganazes do campo
são “promíscuos solitários” (Mlodinow,
p. 112), na nossa atual concepção, e “nas
mães humanas, assim como nas ovelhas, a oxitocina é liberada durante o parto e
o nascimento” (p. 113/4).
Se considerarmos que no reino animal, mormente nos mamíferos,
o comportamento entre os sexos (macho, fêmea) das espécies são diferentes,
inclusive no que diz respeito à liderança, me parece “desarrazoado” (para não
dizer inaceitável) pinçar um (ou alguns) dentre estes comportamentos tentar
justificar a “igualdade” entre os
sexos dos humanos.
Entre as aves de rapina, as harpias se destacam como as
maiores da América e as mais pesadas do mundo. São monogâmicas e as fêmeas
pesam bem mais que os machos, quase o dobro (7,6/9 kg x 4/5 kg). Por isto,
machos e fêmeas caçam presas diferentes, cabendo a estas, por serem maiores e
mais lentas, a caça de animais maiores (macacos, preguiça).
Qual a conclusão que podemos tirar disto? E sobre a "comercialização" do sexo entre os chimpanzés? Que as harpias e
hienas são mais evoluídas que os chimpanzés-comuns? E entre a monogamia e
poligamia?
Do comportamento das fêmeas do chimpanzé-bonobo, que o autor
cita como exemplo de uma “sociedade” matriarcal, podem ser tiradas diversas
conclusões, mas que não necessariamente se adequem aos humanos. Nada podemos
concluir sobre a bissexualidade dos humanos simplesmente por que os bonobos são
bissexuais. Muito menos sobre o papel do sexo nas duas sociedades e as
vantagens do sistema matriarcal, como veremos. Se nos bonobos impera o
matriarcado, a bissexualidade e o sexo tem uma função importante para resolver
conflitos na sociedade humana esta não é a regra. E aí? Por que os bonobos têm
que ser a referência?
Em primeiro lugar caberia a pergunta do qual o motivo para
serem nossas referências, muito embora o seu nível de aprendizado seja
considerado elevado? A escolha me parece um tanto ideológica. Habitam as
florestas, com pouca presença da vida animal, são arborícolas e embora sejam
uma espécie omnívora, sua dieta alimentar deve diferir da do ser humano. São bissexuais.
SEXO, HOMOSSEXUALIDADE E
CULTURA (BIOLOGIA X CULTURA)
Mais especificamente, as páginas 200 a 203 são dedicadas às
questões do gênero e da homossexualidade.
Traz comentários sobre o fato de a homossexualidade ter sido
aceita na Grécia Antiga, cita as relações entre Aquiles e Pátroclo e de Heféstion,
amante de Alexandre, O Grande.
“Na realidade a Mãe Natureza não se
importa se os homens se sentem sexualmente atraídos uns pelos outros. Apenas
mães humanas inseridas em determinadas culturas fazem escândalo ao saber que o
seu filho tem um caso com o vizinho” (p. 202).
“Um bom princípio básico é “a biologia permite, a cultura proíbe” (p.
202).
Esta
oposição entre biologia e cultura não explica a questão da homossexualidade,
além de ser um tanto perigosa. Não deixa de ser
verdade que a questão da aceitação da homossexualidade é cultural.
Mas, o que se observa é que nesta oposição simplista a
cultura tem uma conotação negativa, apenas de proibição. Esta parece ser a
linha “filosófica” adotada pelo autor, quando afirma que:
“Em vez de prenunciar uma nova era de
vida tranquila, a Revolução Agrícola proporcionou aos agricultores uma vida em
geral mais difícil e menos gratificante que as dos caçadores-coletores. Estes
passavam o tempo com atividades mais variadas e estimulantes e estavam menos
expostos à ameaça de fome e doença”.
“A Revolução Agrícola foi a maior
fraude da história» (p. 116).
Não discuto, este pode ser um lado da questão, mas nada
sabemos da vida psíquica destes povos (não existem registros), das suas relações grupais e com o meio
ambiente, de suas angústias, medos, sentimentos, laços afetivos. São apenas conjecturas.
Acredito que desde que o ser humano tomou consciência de si
teve que conviver e acalmar os demônios que foram despertados.
O que está implícito nesta questão da homossexualidade é que:
por ser biológica, que não vai contra as leis da natureza deve ser aceita.
Ora, podemos também alegar que as agressões, os assassinatos,
os estupros, a necrofilia, abusos de crianças e mulheres, pedofilia e outros
são atos comportamentais, ou seja, já que existem, não são contra a natureza.
Mas, nem por isto eles deixaram de ser regulados pelas sociedades. Alguns são
tipicamente humanos.
E o que é mais importante é que a cultura não somente coíbe,
mas aceita e até estimula certos comportamentos, mesmo quando considerados de
natureza biológica.
Assim é que na sociedade grega antiga a relação entre duas pessoas
do mesmo sexo era permitida “apenas” entre os homens (um jovem e um adulto),
dentro de um sistema moral de aprimoramento educacional do jovem para a vida
político/social.
As relações afetivas e sexuais entre as mulheres não eram bem
vistas, embora existissem, por que elas não possuíam os mesmos direitos
políticos dos homens.
Da mesma forma, as relações entre os homens que rompessem o
código a que se propunham, como no caso da
prostituição do jovem, eram moralmente recriminadas. O mesmo se diga das
relações entre homens que envolvessem afeminados e com os escravos. Era uma
conduta permitida a uma parte da população adulta e livre.
Cito Foucault:
“O uso dos prazeres na relação com os
rapazes foi, para o pensamento grego, um tema de inquietação. O que é paradoxal
numa sociedade que passa por ter “tolerado” o que chamamos de “homossexualidade”
(p. 167).
“E é fato que os amores masculinos
foram, na cultura grega, objeto de toda uma efervescência de pensamentos, de
reflexões e discussões a propósito das formas que deveriam tomar ou do valor
que se podia reconhecer-lhes” (p. 171).
Para uma melhor compreensão sobre este tema compartilho com
os leitores alguns trechos do livro de Foucault, remetendo-os para a Nota (7).
O paradoxo é que o objetivo era tornar o jovem um “homem”, preparado
para exercer os seus direitos e obrigações que lhe competiam na pólis. Daí a questão de saber o momento adequado em que esta relação deveria terminar, considerando que a relação entre dois
adultos (velhos) também não era bem vista.
“Qual é o tempo a partir do qual o
rapaz deverá ser considerado velho demais para ser parceiro legítimo da relação
do amor? Em que idade já não é bom para ele aceitar este papel e nem para seu
namorado querer impor-lhe” (p. 176).
E para aqueles que acreditam de forma simplista na questão da “homossexualidade”
na Grécia, frise-se que também existiam conceitos de “natural” e “antinatural”
nessas relações (homossexuais). Esses trechos de Foucault são bastante esclarecedores. Ainda, segundo Foucault, o filósofo Platão, o do "Banquete", passou a considerar a relação homossexual como "antinatural", NOTA (8).
Na Roma antiga, que para muitos derrotou militarmente a Grécia mas foi por esta "dominada" culturalmente, pois adotou diversos Deuses gregos com outros nomes, a homossexualidade também era permitida. Entretanto existiam "interditos" ou códigos de aceitação.
Paul Veyne esclarece o que se passa nesta sociedade guerreira, onde o importante era a virilidade e não a passividade (incluído em 03/10/20):
"A mulher é, por
definição, passiva, a menos que seja um monstro" (p.175).
"Em
contrapartida, um colossal desprezo subjugava o adulto macho e livre que
fosse homófilo passivo ou, como se dizia, impudicus"
(esta é aceção desconhecida do termo) ou diatithemenos (p. 169).
"Nesse mundo, não se classificam os comportamentos segundo o sexo, amor pelas mulheres ou por rapazes, mas por atividade ou passividade: ser ativo é ser macho, seja qual for o sexo do parceiro passivo. Ter prazer virilmente ou dá-lo servilmente - tudo se resume a isso", (p. 165).
[...] O
indivíduo passivo não era mole por causa do seu desvio sexual, muito
pelo contrário: sua passividade não era mais do que um efeito da sua
falta de virilidade (p.169).
[...], pois havia,
na verdade, um comportamento sexual absolutamente indecoro: a felação” p.
176).
[...] pois havia
outra conduta, não menos infame, que os obcecava tanto: a cunilingua. Quanto à
homofilia feminina era categoricamente rejeitada.
<<A impudicícia
[ou seja a passividade] é uma infâmia para livre, escreve Sêneca
Pai (p. 176).
"Assim, a
homofilia, encarada com toda indulgência, consistia em relações ativas de
um amo com o jovem escravo seu preferido”.
O autor afirma ainda que "Seria errôneo olhar para a antiguidade
como um paraíso da não repressão e imaginar que não tinha princípios( (p. 172).
Em resumo, tanto Roma quanto a "Grécia não eram um paraíso gay, como
imaginam" (de um historiador que me falta a memória.
Em resumo, tanto Roma quanto a "Grécia Antiga não era(m) um paraíso gay, como muitos imaginam" (de um historiados cujo nome me falha a memória).
Tudo indica e as pesquisas confirmam ser incontestável
que o comportamento humano é determinado, influenciado e estimulado por fatores
biológicos (genética, neurônios), culturais e psíquicos (experiências, traumas).
Isto sem adentrarmos nas teorias freudianos com relação as etapas do “desenvolvimento”
sexual. E, ainda, existem os efeitos da “primação” (Eagleman).
Qualquer criança do interior, mesmo não sendo um cientista,
sabe que para aumentar a agressividade de um cão de guarda basta prendê-lo
durante o dia e alimentá-lo uma única vez, de preferência a noite, antes de
soltá-lo. Os cavalos selvagens são domados e os humanos educados. Sobre o
assunto consultar sobre a “escola comportamental behaviorista”.
“Ela possuía cauções religiosas em
mitos e festas onde se interpretavam, a seu favor, as potências divinas que
deviam protegê-la. Enfim, era uma prática culturalmente valorizada por uma
literatura que a cantava, e por uma reflexão que fundamentava sua excelência” (p.169).
Diante das questões suscitadas, regras, tabus, códigos de
conduta, seria um absurdo considerar que existia um estímulo ou mesmo um
incentivo para o comportamento sexual e homossexual, para determinados “grupos”
na Grécia Antiga? Os estímulos a determinados comportamentos podem se dar de
diversas formas, desde que haja não somente a “pura e simples” (existe?) aceitação,
mas uma verdadeira apologia a determinados comportamentos, ou mesmo por fatores
sociais objetivos que conduzem a determinadas ações.
Os espartanos, por serem uma sociedade guerreira, aceitavam e
estimulavam as relações sexuais entre guerreiros para o fortalecimento das
relações militares (Wikipédia).
A questão da aceitação da homossexualidade nos dias de hoje
não passa por conotações desta natureza, ser biológico, que não vai contra a
natureza. Em muitas sociedades a homossexualidade passou a ser admitida em
consequência das lutas dos travestis, drag queens, gays, putas e outros grupos
marginalizados, para serem aceitos e reconhecidos como seres humanos,
portadores de direitos iguais aos demais.
Outrossim, pela visão de alguns legisladores vanguardistas
que passaram a reconhecer, com base na igualdade e nos direitos humanos, os
seus direitos. Muitos direitos foram reconhecidos pela conquista, luta, e não
por questões que digam respeito à história ou biologia.
A QUESTÃO DOS ESTEREÓTIPOS
Por que me refiro a esta questão? Vejamos:
“As mulheres são extremamente
estereotipadas como melhores manipuladoras e apaziguadoras que os homens e são
famosas por sua capacidade de enxergar as coisas da perspectiva dos outros. Se
há alguma verdade nesses estereótipos, então as mulheres seriam excelentes políticas e construtoras de
impérios, deixando o trabalho sujo dos campos de batalha para os machos
carregados de testosterona e de sutileza. Apesar dos mitos populares, isso
raras vezes aconteceu no mundo real. Não está nem um pouco claro qual seria o
motivo” (negritos meus, p. 216).
Também existem outros estereótipos que o autor não citou, que
são mais fofoqueiras e dissimuladas. Mas, as conclusões são equivocadas. Embora não seja
historiador, desconheço impérios que
foram construídos com “habilidades apaziguadoras”. Desde os primórdios, os grandes
impérios, dos quais temos notícias, foram construídos com o poder das armas.
Desde Ciro (Pérsia), passando por Atenas, Esparta, Alexandre, Roma, Mongol (Gengis
Khan), Mughal, Inglaterra, França, Portugal, Império Otomano, aos impérios do Oriente
Médio e da África (Gana, Mali, Songhai, Kanem-Bornu, Zulu, etc). Ver NOTA (3).
A nação norte americana com ânsia, apetite e ímpeto imperialista, que
lhes são característicos, principalmente no continente americano, já despontava
como uma das maiores senão a maior economia do mundo. Mas, a 1ª Grande Guerra Mundial deixou a Europa arrasada e de joelhos diante
o colosso americano. O vácuo de destruição foi devidamente aproveitado.
Os E.U.A, de devedores passaram a credores do mundo, mormente
da Europa destroçada. A Grã-Bretanha, que antes do grande conflito era credora,
passou a lhes dever 4,7 mil milhões de dólares (Stone, p. 30). Passaram a deter 40% das reservas de ouro.
Com a 2ª Guerra Mundial consolidaram uma liderança inconteste como potência econômica e militar mundial. Depois da 2ª Guerra Mundial existiu uma
transformação na forma de domínio por que aos Estados Unidos da América
interessavam a independência das colônias. Não por questões humanitárias, mas
por que além de estarem fora do jogo, passaram a existir outros meios de
domínio, como por exemplo o financeiro e eles saíram fortalecidos
economicamente das guerras. Mesmo assim os
Estados Unidos não deixam de investir bilhões de dólares em armamentos
sofisticados e de ranger os dentes quando necessário.
E se o autor ainda tem dúvidas sobre como nascem e
principalmente agem os impérios, inclusive na atualidade, basta dar uma pequena
olhadela no tabuleiro “geopolítico” do Oriente Médio, a partir do momento em
que o petróleo, o gás e seus derivados passaram a ser considerados as mais
importantes fontes de energia no mundo. Poderíamos adentrar sobre as questões geopolíticas atuais envolvendo a China, mas foge ao escopo deste artigo.
Um outro aspecto da questão é que os acordos, as manipulações
e os apaziguamentos quase sempre se dão sob uma perspectiva militar, como, por
exemplo, para se fortalecer diante de uma ameaça crescente de um possível
inimigo e garantir antecipadamente uma posição estratégica. Por trás de um bom acordo também existem ameaças veladas ou
implícitas. Apaziguar uma questão familiar não é o mesmo que apaziguar uma questão
militar. Se alguém tem dúvidas a este respeito basta ler alguns livros sobre
geopolítica. Uma boa sugestão é começar com os livros mais recentes de Luiz
Alberto Moniz Bandeira, que cito na bibliografia. Ou mesmo, consultar o livro
“Medo”, de Bob Woodward, para constatar que a questão militar continua a
orientar a política e até mesmo a economia.
E se as mulheres têm mesmo estas capacidades apaziguadoras,
manipuladoras e capacidade de enxergar as coisas da perspectiva dos outros, (que
segundo o autor são estereótipos, mas não os deixa de utilizar para conduzir os
seus argumentos), ao que tudo indica, isto só confirmaria a regra: talvez, faltam-lhes
o feeling da agressividade, da
capacidade de discernir quando as coisas vão descambar para a violência. Quem sabe,
pode ser que a testosterona seja a chave do
feeling para a guerra.
Tratando-se de estereótipos ou não, não temos como saber,
cito o historiador e especialista em guerras, John Keegan:
“As mulheres podem ser a causa ou o
pretexto da guerra – o roubo de mulheres de outrem era a fonte principal de
conflito nas sociedades primitivas – e podem instigar a violência de uma forma
extrema… . […] A guerra é, porém, a única atividade humana em relação à qual as
mulheres se mantiveram sempre e em todo o lado, com excepções insignificantes,
à parte. As mulheres contam com os homens para as proteger do perigo e os
repelem amargamente quando eles falham como defensores. […) Se a guerra é tão
velha como a história e tão universal quanto a humanidade, devemos agora registrar
uma importantíssima limitação: a de que é uma atividade inteiramente masculina”
(“Uma história da guerra”, p. 113).
Quanto a Roma antiga, é bom que se diga que enquanto muitos
dos generais romanos estavam nos campos de batalha enfrentado os bárbaros
(godos, visigodos, ostrogodos, burgúndios e outros) suas mulheres desfrutavam
as delícias de Roma na cama com os amantes.
O autor cita outros argumentos que não convencem e talvez
sejam estereótipos em sentido contrário. Afirma, o que todos sabemos, que “há
também muitas mulheres capazes de correr mais rápido e de levantar peso que
muitos homens” (p. 211). Ninguém duvida disto, como também do fato de existirem
mulheres mais corajosas, guerreiras, mais inteligentes e que baixam a porrada
em homens. Embora isto seja uma verdade as exceções não confirmam as regras e
as competições esportivas são divididas por sexo.
O que é importante, e
isto é verdade, é que foram excluídas das atividades que não requeriam
esforço físico, como bem salienta o autor. As civilizações (culturas) criaram
atividades que podem ser realizadas por ambos os sexos.
E por falar em estereótipos, termino este tópico citando a
filósofa, homossexual e dissidente do movimento feminista, Camile Paglia, em
entrevista à revista Veja, edição 2363, n. 10, “O feminismo não é honesto com as mulheres” (www.feminismo.org.br), citado neste site
no artigo “Paglia, Freud e o feminismo”.
“O enfoque mudou. Se no início a
mulher afirmava ser igual ao homem e não admitia ser diferente “Hoje, elas querem que o homem seja igual a
mulher. Famílias de classe média são basicamente ambientes feministas. Tudo é bem
gentil, e os homens têm que mudar seu comportamento para se encaixar nelas””.
DIFERENÇAS ENTRE SEXOS
QUE OS (AS) FEMINISTAS ESQUECEM
Acho até infrutífero ficar argumentando sobre estes aspectos
por que muitos outros passam ao largo sem qualquer menção. No momento o mundo
passa por problemas muito mais sérios, requerendo medidas enérgicas e bom senso
para enfrentá-los, como os que ameaçam diretamente a existência humana: efeito
estufa, poluição de rios, lagos e oceanos, ameaça nuclear, desmatamento acelerado,
concentração de riquezas, desemprego, fome, guerras pipocando em todo lugar.
No momento a maior esperança, quanto a sobrevivência da
espécie, não é depositada na inteligência nem no bom senso do ser humano para
resolver problemas tão prementes, mas contar com a sorte de não aparecer um
louco, neurótico, suicida que prima os botões da destruição. A que ponto
chegamos?
Enquanto se faz um espalhafato sobre a condição da mulher na
antiguidade esquecem que, por outro lado, no que elas foram bastante beneficiadas.
Por exemplo, na escravidão dos negros e de outros povos os piores trabalhos nos
campos, nas moendas (os mais perigosos) e nas fornalhas (considerado o inferno)
eram para os homens. Embora haja controvérsia quanto aos trabalhadores na
moenda (Antonil), este era um trabalho que requeria força, efetuado também por
animais, daí a probabilidade de serem efetuado pelo escravo (homem) e nas
gravuras os homens predominam.
Desde que se tem notícias de escravidão os homens eram
encaminhados para trabalhos insalubres nas minas, com alimentação escassa e
insuficiente e sem o repouso necessário para repor as energias requeridas ao
trabalho, sem as mínimas condições de higiene. Às escravas cabiam mais os
trabalhos mais leves domésticos (faxineiras, cozinheiras, arrumadeiras, amas de
leite), muito embora algumas fossem ao campo colher. Algumas ainda tinham
regalias quando acediam as
investidas sexuais dos senhores dos engenhos (o que não era uma raridade). Nas
guerras as mulheres e crianças eram poupadas e os homens crucificados. Todas as
lutas travadas contra as brutalidades (castigos) da escravidão e as liberdades
foram travadas pelos homens.
Na idade média crianças eram castradas (castrati) para adquirirem um timbre de voz feminino, soprano, mezzo-soprano
e cantarem nas óperas, em substituição as mulheres que eram discriminadas.
Muitas delas foram poderosas e souberam usar o sexo, não o
gênero, quando lhes convinham. Outras, conspiraram e apoiaram ditadores cruéis,
assassinos, por simples deleite e para usufruir das delícias do poder, sem
sujar as mãos. Belo exemplo!
É bem verdade, e não deixo de registrar, que alguns
preconceitos chegavam a um requinte de crueldade inexplicável, como a tradição na
Índia de queimarem vivas as viúvas.
Mas, não devemos esquecer que eram práticas perpetradas de um
modo geral, assim como o esfolamento vivo e a empalação, como punição. E até
mesmo o “civilizado” império britânico fez uso de tais métodos em Deli (Mason,
p. 150). NOTA (9).
A carnificina era a norma. Confesso que me custa encontrar
respostas “razoáveis” e “plausíveis” para tais práticas de assassinatos e
sacrifícios, já comentadas em relação aos maias e outras civilizações. Dizer
simplesmente que fazia parte da “cultura” não resolve o dilema, deste “inexplicável”
comportamento humano. Assim sendo, prefiro debitar à "impenetrável”, “enigmática” e "evasiva" (reconheço) “natureza humana".
A ideologia da “igualdade” está cegando as pessoas,
levando-as ao absurdo. Discorrendo sobre os sofrimentos humanos na 1ª Grande
Guerra Sheffield afirma:
“A visão de John Keegan, de que as
mulheres <<com as mais insignificantes exceções, sempre e em toda a parte
se distanciaram>> da guerra, não poderia estar mais errada. Na primeira
guerra as mulheres desempenharam um papel crucial. Com os seus homens frequentemente
longe de casa, a lutar, elas assumiram muitos papéis tradicionalmente desempenhados
pelos homens, bem como as tarefas de criar uma família e manter uma casa,
tornadas muito mais difíceis pelas condições de guerra e sem apoio dos parceiros.
[…) Cada vez mais, as mulheres eram chamadas a assumir o <<duplo fardo>> do emprego e do trabalho doméstico,
substituindo a mão de obra dos homens” (p. 156/7).
Não restam dúvidas que as guerras trazem sofrimento para
todos, inclusive crianças, velhos, enfermos e mulheres, mas convém não
compararmos “alhos com bugalhos”. É completamente diferente sofrer os horrores
da guerra com racionamento e trabalhando horas extras do que estar no campo de
batalha, em trincheiras, com a ameaça constante de ser morto, sofrendo com o
tempo (frio, tempestade), explodindo bombas ao seu lado, sem as mínimas
condições de higiene, enfrentando, ainda, as armas químicas. etc.
O autor nos dá uma ideia desta discrepância, embora procure
colocar num mesmo nível de sofrimento todos aqueles que estavam envolvidos
direta ou indiretamente na guerra, fazendo vista grossa para identificar qual
dos sexos sofreu maior mortandade:
“O montante global de todos os
beligerantes ascendeu a 71,5 milhões de mobilizados. 9,5 milhões de mortos,
21,2 milhões de feridos, 7,6 milhões de desaparecidos ou prisioneiros de
guerra, um total de 38,2 milhões, 53% dos mobilizados” (p.145).
Cabe mencionar que dos prisioneiros muitos ou quase todos
foram tratados com extremo rigor, também com escassez de alimentação, trabalhos
forçados e tortura, como o próprio autor salienta:
“Por mais horríveis que sejam, estes
números não podem refletir a intensidade do sofrimento humano causado pela
guerra. Não refletem o tratamento muitas vezes cruel dos prisioneiros de
guerra, principalmente longe da Frente Ocidental, ou as pessoas que morreram de
causas relacionadas com a guerra após o fim formal desta, ou os homens e
mulheres que sofreram do qua atualmente seria denominado transtorno de stress
pós-traumático” (p. 146/7).
Não se precisa de muito esforço para deduzir quais dos sexos
sofreram mais destes males: os que lutaram no campo de batalha (prisioneiros de
guerra, trabalhadores forçados e torturados) ou os que lá não estiveram.
O autor fica na superficialidade, mas não fornece números. Pergunta-se:
quantas mulheres morreram nos campos de batalha, qual o número de mortos por
sexo e idade, qual o número de homens e mulheres que ficaram fisicamente
incapacitados e com transtorno pós-traumático? Quantas estavam dispostas a ir para o campo de batalha? As mulheres, como bem disse, sofreram porque ficaram
viúvas. E permaneceram viúvas ou puderam refazer suas vidas amorosas?
Realmente elas sofreram “o
duplo fardo” do emprego e do trabalho doméstico, mas não sofreram os "horrores" dos campos de batalha.
Se existe uma grande injustiça na história esta não é para
com as mulheres, mas para com os povos desfavorecidos e dominados que sofreram
com as agruras da dominação.
Mas, o autor me trouxe uma verdade, quando afirma:
“Gostamos de ver os menos favorecidos
vencerem. Mas não há justiça na história”
(p. 257).
Ou seja: as sociedades e a história fazem as suas próprias
justiças. Então por que tanto alarde?
A RELATIVIDADE DA SUPERIORIDADE
NOS ESPORTES
A questão da “superioridade” também tem seu grau relatividade
em diversos aspectos da vida e é mais visível nos esportes, embora também
apresente seus limites.
Se olharmos para as sociedades de uma forma mais ampla
podemos constatar que a superioridade em alguns aspectos significa inferioridade
em outros. Explico: em diversas sociedades asiáticas os empregos para tarefas
mais delicadas, que requerem mais atenção e cautela são destinados às mulheres.
Um grande matemático necessariamente não deverá ser um grande poeta, compositor
ou orador.
Vemos isto mais claramente nos esportes. Um excelente jogador
de football poderá não ser um grande golfista, ou jogador de basquete. Um
jogador de basquete ou voleibol de dois metros e pesando 120 kg nunca será um
grande jóquei ou um grande motociclista de Moto GP. Talvez um dos atrativos do
football seja o fato dos menores, ou não tão grandes, poderem enfrentar e vencer
os grandes, com habilidade. Pelé, Garrincha, Tostão, Puskás, Messi e Maradona,
todos são jogadores de estatura mediana que superaram com habilidade jogadores
bem maiores. E para embaralhar a situação o Garrincha (que para alguns
rivalizou com Pelé como o melhor do mundo) tinha ascendentes cafuzos, mulatos e
provavelmente caboclos. Não tinha um biótipo considerado ideal para o
esporte (suas pernas eram tortas) e também não se destacava em assuntos intelectuais, sendo bastante
ingênuo.
Os etíopes são conhecidos pelas vitórias em corridas de longa
distância e considerados, seguido dos quenianos, os melhores corredores do
mundo, nesta modalidade, em razão também das condições do meio ambiente, que ao
longo da história favoreceram adaptações importantes, um aprimoramento genético,
para este tipo de atividade esportiva, sendo uma legenda o nome de Abebe
Bikila. Os leitores poderão encontrar a lista dos grandes vencedores na
referência ao final do artigo.
Isto não significa, que os etíopes e quenianos vão vencer
todas as corridas de longa distância. Também não significa, pelo seu biótipo,
que são excelentes em corridas curtas de grande velocidade (sprinters). Muito
menos que serão superiores em todos os aspectos aos outros negros africanos,
aos asiáticos, aos europeus, latinos, etc.
No football americano aos atletas negros afro-americanos são
destinadas posições específicas, onde a explosão muscular, a força bruta e a
velocidade desempenham papéis importantes.
Os atletas negros americanos geralmente têm mais explosão
muscular, e mesmo velocidade, e ocupam principalmente as posições de “runnig
backs” e “wide receivers”, onde estas características são importantes.
Afora a questões de discriminações raciais, que realmente devem
existir, quanto a hegemonia dos brancos na posição de QBs, os atletas negros
possuem maior explosão muscular e velocidade.
A questão é que estes fatos não fazem os negros superiores em
todos os tipos de esporte. Além disto, não se deve colocar sob uma categoria
genérica “negros” indivíduos com biótipos tão diferentes (etíopes e outros
negros), para, a partir daí, afirmar uma superioridade dos negros.
A realidade é que esta questão dá asas para acirrar o racismo
de ambas as partes, negros e não negros, fazendo de casos específicos e
particulares uma generalização para todos os tipos ou segmentos de atividades. Os
brancos sempre se acharam superiores aos negros em tudo e agora muitos negros
reivindicam a superioridade, baseados na performance física em alguns esportes.
Evidentemente, não há soluções no horizonte, por que
impossível determinar e quantificar a importância do meio ambiente, aí
incluindo a cultura, no comportamento e, no caso, na performance física do ser
humano. Mesmo por que o meio ambiente também tem impactos diferentes em cada
pessoa.
Se o “politicamente correto”, que privilegia apenas os
fatores culturais, já está fora de questão o mesmo pode-se dizer quanto a tese
do puro determinismo genético-biológico, e assim deverá permanecer por longo
tempo, ou até mesmo não haver uma solução.
Entretanto, em relação aos sexos, o mesmo não podemos
concluir em diversos esportes, principalmente aqueles que requerem força
muscular, velocidade, explosão. Não deixa de ser verdade que algumas ou muitas
mulheres podem superar diversos homens mesmo nessas atividades, tanto em força,
quanto habilidade, visão de jogo. Se fosse possível até gostaria de ver se a
Marta resolveria o problema da ponta esquerda do Flamengo.
Como se pode ver existem argumentos e fatos que justificam
simploriamente qualquer situação.
Cito mais uma vez Keegan:
“Para as feministas, os educadores
progressistas e os relativistas moralistas, Coming
of Age in Samoa continua hoje a ser uma obra sagrada, quer disto estejam
conscientes ou não. O determinismo cultural também teve nos colegas
antropólogos de Boas no mundo anglo-saxônico, mas por uma razão bem diferente”
(p. 128).
NOTAS:
(1). O método dialéctico de análise proposto por Marx~Engels tem as seguintes características:
- o movimento se dá por oposição dos contrários;
- na relação a causa torna-se efeito e o efeito causa (reciprocidade dos fenômenos);
- mudanças quantitativas trazem mudanças qualitativas;
- o todo difere da soma das partes (foi posteriormente incorporado pela teoria da administração com o nome de SINERGIA).
(2).“Nas mães humanas, assim como nas ovelhas, a oxitocina é
liberada durante o parto e o nascimento. Também é liberada na mulher quando
seus mamilos ou o colo do útero são estimulados durante a relação sexual. E nos
homens e nas mulheres quando chegam ao clímax sexual. Tanto nos homens quanto
nas mulheres, a oxitocina e a vasopressina liberadas no cérebro depois do sexo
produzem amor e atração. A oxitocina é liberada inclusive nos abraços, em
especial pelas mulheres, razão pela qual um mero toque físico casual pode levar
a sensações de proximidade emocional até na ausência de uma ligação consciente
ou intelectual entre os participantes” (p. 113/4).
(3). “Qual era a
reação das alemãs diante das atrocidades cometidas pelo regime nazista, como as
investidas contra homens e mulheres de raças inferiores? A resposta é que
quando tinham oportunidades, elas as apoiavam. Desde cedo, antes de serem
oficialmente obrigadas, várias Frauenbuende começaram a expulsar as judias. Mais
tarde, as líderes da Frauenschaft despenderam bastante energia ensinando às
mulheres a necessidade de manter a pureza racial” (p. 25).
“Esses três mitos compões apenas uma pequena seleção daqueles
que serviram para “provar” a opressão das mulheres pelos homens.
Finalmente, se os nazistas tivessem oprimido as mulheres,
dificilmente teriam atraído o apoio entusiasmado das alemãs” (Creveld, ps.
25/7).
"Em 1876, a rainha Vitória foi proclamada imperatriz da Índia, não deixando dúvida sobre como os britânicos daquela geração viam seu destino imperial. DE volta à vida pública após um longo período de luto por seu consorte, Príncipe Albert, a rainha se tornou uma apoiadora entusiástica da campanha do Primeiro-ministro Disraeli de fortalecer o império britânico, por qualquer meio. O poder imperial seria agora vigorosamente promovido, especialmente na Índia, a qual Vitória via como a principal jóia de sua coroa" (Mason, p. 151/2; itálicos meus).
(4). “O monarca era escolhido entre os que tinham alcançado o
estatuto de líder de guerra” (p. 156). embora fosse também reconhecido por
outros atributos.
O ritual de sacrifício aos guerreiros vencidos era o “esfolamento”.
“[…] era chacinado um seleto grupo de vítimas cujo tipo de
captura e estilo de execução resumia tanto a forma como a filosofia da prática
asteca de guerra” (p. 158). “Os
superiores certificavam-se de que cediam a posição aos guerreiros mais
experientes, graduados de acordo com o número de prisioneiros que cada um tinha
capturado em batalhas anteriores. […] Estes combatentes foram chamados de “furiosos”
da guerra asteca: estabeleciam o exemplo de coragem no campo de batalha e
era-lhes permitida a rudeza de modos de vida citadina habitual dos astecas que
em mais ninguém era tolerada” (p.157).
Antes da “execução era tratado como convidado de honra, <constantemente
visitado e adornado e admirado pelo seu carrasco e respectiva corte de jovens
locais que eram devotos>. […] Quando chegado o dia da festa, era levado,
rodeado de sacerdotes, para uma pedra de sacrifício, montada em uma plataforma
suficientemente alta para ser vista pelo público, amarrado a uma corda e depois
equipado para a morte em agonia que se seguia” (p. 158).
“Morria finalmente quando lhe abriam ritualmente o peito para
lhe arrancar o coração ainda a bater.
O seu captor não participava desta mutilação letal, ficava
antes a observar abaixo de pedra de execução. Porém, assim que o corpo era
decapitado para que o crânio pudesse ser exposto no templo, bebia o sangue do
homem morto e transportava o corpo de volta para casa. Aí, desmembrava-o para
distribuir os membros segundo exigia o sacrifício, retirava toda a pele do
corpo e observava enquanto a família <comia uma pequena refeição ritual de
milho estufado com um fragmento da carne do guerreiro> …” (p.159).
Das sociedades citadas o autor conclui: “Todas conferiam
elevado grau de cerimônia e ritual ao combate, cujo estímulo e objetivos pouca relação
tinham com as causas e os resultados que o homem reconhece como característicos
da guerra contemporânea. A vingança ou a expiação de um insulto eram motivos
comuns, a satisfação de uma necessidade mítica ou uma exigência divina,
objectivos habituais” (p. 162”.
(5). “Esta foi restaurada por seu sucessor, Nerva, que
instituiu o princípio de nomeação de dirigentes fortes por um processo de adopção
formal de um herdeiro promissor. Assim, os seus quatro sucessores adoptivos,
Trajano, Adriano, Antônio Pio e Marco Aurélio, foram administradores
competentes e comandantes bem-sucedidos” (Keegan, p.362).
Trajano (98 a 117). Além de excelente administrador “era,
antes de tudo, um chefe militar. Durante a fase final de seu reinado, dedicou-
se exclusivamente à guerra e deixou boa parte da administração em mãos de
terceiros. Morreu, provavelmente de um ataque cardíaco, na viagem de volta da
campanha parta…”. Na sua administração um Império Romano atingiu sua máxima
extensão (Wikipédia).
Adriano (117 a 138). “Adriano passou mais da metade do tempo
de seu reinado em viagens pelas províncias. Salvo quando saíam em campanhas
militares, os imperadores preferiam obter notícias das províncias dos seus
delegados, permanecendo em Roma” (Wikipédia).
Marco Aurélio (161 a 180). “Faleceu durante uma expedição
contra os marcomanos, que cercavam
Vindobona (atual Viena)”.
(6). “Lorde Wavell, que se tornou vice-rei em 1943, solicitou ao
primeiro-ministro britânico, Winston Churchill, o envio de um milhão de
toneladas de grãos a Bengala, mas Churchill parece não ter se sensibilizado. “Ele
odeia a Índia e tudo relacionada a ela”, Wavell comenta em seus diários.
O novo primeiro-ministro, Clement Attlee, tentou tornar a
Índia independente sem reservas, e foi pouco dissuadido pelo comentário de Churchill
de que isso envolveria “o desmoronamento retumbante do Império Britânico com
todas as suas glórias”” (Mason, p. 174).
(7).“Esquemas lineares e simples não permitem compreender o modo singular de
atenção que, no Século IV, se dava ao amor pelos rapazes. É preciso tentar
retomar essa questão em outros termos que não os da “tolerância” a respeito da
“homossexualidade”. E, ao invés de procurar saber até que ponto esta última
pôde ser livre na Grécia Antigo (como se se tratasse ela mesma de uma
experiência invariante, fluindo uniformemente sob mecanismos de repressão
modificáveis através do tempo), é melhor perguntar-se como e sob que forma o
prazer obtido entre os homens pôde comstituir problema, de que maneira ele foi
questionado, quais questões particulares ele pôde levantar, e em que debate ele
esteve envolvido; em suma, por que, apesar de sua prática ser difundida, de que
as leis não o condenassem de modo algum e de que agrado fosse, de modo geral,
reconhecido, ele foi objeto de preocupação moral particular, e, particularmente
intensa, de tal modo que foi investido de valores, de imperativos, de
exigências, de regras, de conselhos, de exortações, ao mesmo tempo numerosos,
urgentes e singulares”
(p. 170).
“[…] mas eles estimavam
sem hesitar que, para os prazeres obtidos numa tal relação, era necessário dar
uma forma moral que não aquela exigida quando se tratava de amar uma mulher” (p.
171).
“Mas a isso tudo se misturavam atitudes bem diferentes:
desprezo pelos jovens demasiado fáceis ou demasiado interessados, desqualificação
ao dos homens efeminados, dos quais Aristófanes e os autores cômicos zombavam
frequentemente” (169).
“Costumava-se ligar estreitamente o amor grego pelos jovens à
prática da educação e ao ensino filosófica. A personagem de Sócrates nos
convida a isso … De fato, num contexto bem mais amplo contribuía para a
valorização e para a elaboração da relação entre homens e adolescentes” (p.
173).
“; essas práticas - cuja realidade Dover atestou por meio de
numerosos documentos – definem o comportamento mútuo e as respectivas
estratégias que os dois parceiros devem observar para dar às suas relações uma
forma “bela”, estética e moralmente válida. Elas fixam o papel do erasta e o do erômeno. […] Ora, essa prática de corte mostra por si mesma que a
relação sexual entre o homem e o rapaz “não era sem problemas”; devia ser
acompanhada por convenções, regras de comportamentos, maneiras de fazer, todo
um jogo de adiamentos e de chicanas destinados a retardar o término e a
integrá-la numa série de atividades e de relações anexas”(p.173/4).
“Trata-se do princípio do isomorfismo entre a relação sexual
e relação social. Deve-se entender por esse princípio que a relação sexual –
sempre pensada a partir do ato modelo da penetração e de uma polaridade que opõe
atividade e passividade -é percebida como do mesmo tipo que a relação entre
superior e inferior, aquela que domina e aquele que é dominado, o que submete e
o que é submetido, o que vence e o que é vencido” (p. 190).
“Vimos que: o comportamento sexual é constituído como domínio
de prática moral, no pensamento grego, sob a forma de aphrodisia. De atos de prazer que se referem a um campo agonístico
de forças difíceis de serem dominadas; elas exigem, para tomar a forma de uma
conduta racional e moralmente admissível o funcionamento de uma estratégia de
medida e do momento, da quantidade e da oportunidade” (p. 217).
“Enfim, a temperança solicitada pela Erótica e ainda de
outro tipo: mesmo se ela não impõe a abstinência pura e simples, vimos que ele
tende para isso e traz consigo o ideal de uma renúncia a qualquer relação física
com os rapazes” (p. 218).
(8). “O que é difícil de ser aceito para os atenienses não é que não pudesse ser governado pro
alguém que ama os rapazes ou que, quando jovem, foi amado por um homem; mas sim
que não se pode aceitar a autoridade de um chefe que se identificou outrora com
o papel de prazer dos outros.
Quando, no jogo das relações de prazer, desempenha-se o papel
de dominado, não se poderia ocupar, de maneira nenhuma, o lugar de dominante no
jogo da atividade cívica e política.
Mas, por outro lado, o rapaz, posto que sua juventude deve
levá-lo a ser homem, não pode aceitar assumir-se como objeto nesta relação, que
é sempre pensada sob a forma de dominação: ele não pode nem deve se identificar
com este papel. […] E me primeiro lugar, uma oscilação, para nós bastante
enigmática, a propósito do caráter natural ou “antinatural” desse amor. Por um
lado, é dado por certo que o movimento que atrai para os rapazes é natural,
como todo movimento que faz derivar o que é belo. […] Mas a própria possibilidade
dessas duas apreciações se inscreve provavelmente no fato de que, admitindo-se manifestamente
como natural o ter prazer com um rapaz, é muito mais difícil aceitar como
natural aquilo que faz do rapaz um objeto de prazer” (p. 193/5).
(9).“Era uma tradição dos rajputs, quando
uma de suas fortalezas estava condenada a cair, queimar todas as mulheres e
crianças vivas em uma pira funeral enquanto os homens partiam para encontrar a
morte nas mãos de seus inimigos” (Mason, p. 140).
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O Racismo enraizado no futebol americano – Observatório da
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O que faz corredores africanos serem tão bons? A explicação
em 8 fatores-Glob Esporte, globoesporte.globo.com>saúde>2015.05;
Registrado, Lisboa.